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Os Filmes Essenciais da cineasta Agnès Varda

Quase que inquestionavelmente, Agnès Varda fora com certeza, senão a maior diretora viva, com certeza o maior símbolo feminino na história do cinema. Um que foi capaz, desde suas origens na rebeldia experimental de seus primórdios na Nouvelle Vague, e os subseqüentes anos com um crescendo e evolução de seu estilo único de se fazer cinema, a brava Belga inspirou assim gerações de cineastas mulheres (e com certeza também homens). E sua recente passagem não só servirá como motivo capaz de fazer todos os amantes de cinema a relembrar sua grandeza como artista, mas também como celebrá-la como ela devidamente merece.

Uma mestre do cinema de autor e biográfico, drama, romance, sátira, documentário, com um trabalho que reuniu uma riqueza e sabedoria distintas, que inspirava todo o seu estilo admiravelmente único e próprio, na literatura, música, arte, e as próprias imagens do real no qual sempre foi uma apaixonada admiradora. Cujo interesse nas margens da sociedade e da subjetividade feminina, juntamente com sua formação profissional em fotografia, resultou em um corpo de trabalho lúdico e ferozmente político.

E para relembrar cada filme que formaram essa artista, aqui vão os filmes mais indispensáveis para se assistir e apaixonar por Agnès Varda e sua rica carreira.

Os Renegados (Vagabond – 1985)

Algo bem próximo de sua própria versão de Cidadão Kane, o filme lida com a história de Mona, (grandemente interpretada por Sandrine Bonnaire) uma jovem transeunte que vagueia pela região rural da França, dormindo nos campos e nas estradas. Seu cadáver no início é descoberto, e em seguida, o filme se torna em um compilado narrativo de sua vida por uma ótica de retrospectiva, com entrevistas e pequenos documentários com várias pessoas que conheceu em sua jornada. O controle de Varda da inter-relação entre o drama e o realismo documental fora sempre tão forte e talvez mais visivelmente no incrível trabalho que realizou aqui em Vagabond, um filme tão emocionalmente contundente no tema tão complexo que aborda, conseguindo misturar fatos e ficção para provocar uma reação no público que obriga os espectadores a questionarem sua responsabilidade social, ao mesmo tempo em que é uma parábola da solidão martirizada dos marginalizados e dos despossuídos de nosso mundo. Uma de suas insuperáveis obras-primas.

As Duas Faces da Felicidade (Le Bonheur – 1965)

Uma de suas obras incrivelmente injustiçadas até hoje, uma sátira estranhamente leve em sua abordagem quase tragicômica, ao mesmo tempo em que transpõe de forma muito factual as expectativas das idéias sociais sobre o amor monogâmico e amor romântico. Na trama em que seguimos o casal François e Thérèse que vivem um casamento saudável e feliz até que François acaba se apaixonando por outra pessoa. Mas ao invés de iniciar uma atitude adúltera e que poderia dar inicio à um complexo estudo de personagem vivendo uma eterna autodúvida paranóica sobre o que é amor de verdade, François vai e abertamente conta abertamente a verdade a sua esposa a verdade e simplesmente espera que ambos sejam tão felizes quanto eles já eram,mas o que desenrola não é tão fácil assim. Um filme tão a frente de seu tempo, que se já causara polêmicas mal recebidas na França na época de seu lançamento, hoje é um filme que é capaz de se comunicar muito sobre as diferentes formas e tamanhos que as relações românticas tomam na nossa atualidade, sem perder seu forte grau de complexidade na sua eterna discussão sobre a busca da felicidade do ser humano.