Crítica – O Sabor da Vida (La Passion de Dodin Bouffant)

Uma experiência sensorial impressionante que eleva a gastronomia no cinema para outro nível. Insuperável.

 

Situado na França de 1889, o filme acompanha a vida de Dodin Bouffant, um chef renomado que vive com sua cozinheira e amante, Eugénie. Eles compartilham uma longa história de gastronomia e amor, mas Eugénie se recusa a se casar com Dodin. Em resposta, ele decide fazer algo inédito: cozinhar para ela.

Mais do que apenas um filme de época, “O Sabor da Vida” oferece uma experiência sensorial única. A obra transforma o ato de cozinhar em arte, despertando os sentidos do espectador de forma quase palpável. Através da tela, é como se pudéssemos sentir o aroma e o sabor dos pratos preparados, transportando-nos para dentro da cozinha onde a história se desenrola.

La Passion de Dodin Bouffant – Diamond Films (2023)

A câmera dá vida à comida, e os 30 minutos iniciais, dedicados apenas ao ato de cozinhar, são surpreendentemente envolventes. O que poderia parecer monótono torna-se emocionante, pois esses momentos tecem o fio condutor da trama. Quando os créditos finais surgem, o público ainda deseja mais, cativado pelo dinamismo da narrativa.

Entre cores vibrantes e sabores marcantes, pratos cuidadosamente elaborados e refeições compartilhadas, o romance entre Dodin e Eugénie é construído de forma delicada e gradual. O diretor demonstra total domínio da narrativa, com cada take e cada corte milimetricamente executados. A atuação magistral de Juliette Binoche eleva ainda mais a produção, capturando a essência da comida como um catalisador de emoções, memórias e conexões humanas. O Sabor da Vida retrata a culinária como uma forma de arte, uma expressão pessoal e uma maneira de se conectar com os outros, mostrando como os alimentos podem inspirar e transformar vidas.

La Passion de Dodin Bouffant – Diamond Films (2023)

Ao contrário de muitos filmes e programas de TV que tratam a gastronomia de maneira competitiva, esta obra mergulha profundamente na paixão pela arte de cozinhar. Lembra clássicos como “Ratatouille” (2007) e “A Festa de Babette” (1987), ao concentrar-se nas nuances da culinária e na jornada emocional dos personagens. O filme se distingue ao enfatizar o prazer e a conexão que a comida proporciona, em vez de focar na rivalidade.

La Passion de Dodin Bouffant – Diamond Films (2023)

Em suma, “O Sabor da Vida” não é apenas uma história de amor entre duas pessoas, mas também um tributo ao amor pela culinária e pela arte. O filme celebra a beleza dos momentos simples e íntimos que podem ser encontrados em torno de uma refeição, convidando o espectador a refletir sobre o poder transformador dos alimentos e das experiências que eles proporcionam. Trata-se de uma obra que toca o coração e os sentidos, permanecendo com o público muito tempo após o fim da sessão.

 

Crítica por Pedro Gomes.

Filme assistido no Festival do Rio – Rio de Janeiro Int’l Film Festival (2023)

 

O Sabor da Vida | La Passion de Dodin Bouffant
França/Bélgica, 2023, 135 min.
Direção: Trần Anh Hùng
Roteiro: Trần Anh Hùng
Elenco: Emma Stone, Mark Ruffalo, Willem Dafoe
Produção: Emilien Bignon, Olivier Delbosc, Cédric Iland
Direção de Fotografia: Jonathan Ricquebourg
Música: Paul Heymans, Thomas Gauder, Jules Bertier
Classificação: 12 anos
Distribuição: Diamond Films

 

 

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