Uma tentativa admirável de contar uma história fofa e comovente.
Em março de 2011, um pinguim coberto de óleo (devido ao vazamento de um petroleiro) foi acolhido pelo pescador João Pereira de Souza em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. “Meu Amigo Pinguim” é um filme que conta essa história e, à primeira vista, promete ser um comovente retrato de amizade e superação. No entanto, ao longo de sua duração, ele se mostra com uma série de falhas técnicas que enfraquecem o impacto emocional que poderia ter causado.
A ideia de um homem amargurado encontrando redenção e um novo motivo para viver através de uma amizade improvável com um pinguim tem potencial, mas o filme tropeça em sua execução. Um dos problemas mais gritantes é que, mesmo a trama se passando no Brasil, todos os personagens falam apenas em inglês. Assistir à cenas com personagens locais se comunicando em um idioma estrangeiro torna a experiência frustrante e tira a autenticidade da narrativa. Isso demonstra uma extrema falta de cuidado da produção e, infelizmente, faz a obra perder conexão com o ambiente tão icônico onde se passa Por exemplo, no ano de 2004, Mel Gibson dirigiu o maravilhoso “A Paixão de Cristo”, cujos diálogos são, em sua maioria, em aramaico, latim e hebraico. Isso demonstra a diferença de comprometimento entre as duas obras cinematográficas.

O pinguim DinDim, é, sem dúvida, o maior destaque do filme. Ele rouba a cena do filme ofuscando até mesmo os atores humanos. Jean Reno entrega uma boa performance como João, um homem que sabe exatamente o que quer e não quer, e deixa isso claro em suas expressões . No entanto, há uma diferença evidente entre a forma que o personagem foi construído e o material de origem. Quando as imagens reais do pescador que inspirou a história aparecem no final do filme, fica claro que a interpretação do ator, embora competente, não capturou a essência de João Pereira de Souza, por conta de um roteiro que omitiu diversos traços de personalidade e carinho do homem.
A trilha sonora não é memorável, nem agrega em nada significativo no longa. A montagem pode ser um empecilho para diversos espectadores, pois a passagem de tempo não é tão bem evidenciada e isso torna a experiência de acompanhar a história um pouco mais confusa e cansativa. A fotografia, deixa a desejar. Numa localização tão linda como o Rio de Janeiro, a maioria das paisagens parecem frutos de tela verde, deixando-as com uma certa artificialidade. Embora o filme não tenha sido gravado no Rio, era de se esperar pelo menos uma boa replicação de um cenário tão belo.

Com muitos momentos de fofura, “Meu Amigo Pinguim” irá conseguir arrancar diversos sorrisos, e para aproveitar a viagem, cabe ao público não permitir que os sorrisos que a obra arrancar sejam sufocados pela precariedade técnica. Os personagens secundários são descartáveis e não tem um desenvolvimento ou impacto significativo na trama, mas isso não é um grande problema visto que o grande destaque do filme não são os personagens humanos, e sim o animal.
A obra vale a pena ser assistida por aqueles que querem ver um retrato cinematográfico dessa linda história de companheirismo, ambientada no nosso país, mesmo que sem uma grande carga emocional.
Crítica por Jayro Mycthell.

Meu Amigo Pinguim | My Penguin Friend
Estados Unidos, 2024, 97 min.
Direção: David Schurmann
Roteiro: Kristen Lazarian, Paulina Lagudi
Elenco: Jean Reno, Adriana Barraza, Nicolás Francella
Produção: Jonathan E. Lim, Robin Jonas, Patrick Ewald
Direção de Fotografia: Anthony Dod Mantle
Música: Fernando Velázquez
Classificação: 10 anos
Distribuição: Paris Filmes










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