Back to Black é um retrato estereotipado e sensacionalista de uma das maiores artistas do século XXI.
Da mente de Sam Taylor-Johnson (“Cinquenta Tons de Cinza”, “O Garoto de Liverpool”), “Back to Black” é uma ofensa a uma das maiores cantoras e compositoras do século XXI, com um retrato problemático de sua precoce carreira.
Amy Winehouse ficou conhecida mundialmente pelo seu talento musical e seu estilo único, que era uma junção de Soul, Jazz e R&B. Vencedora de 30 prêmios ao longo de sua vida, Amy foi uma das artistas mais afetadas pelo assédio midiático. Este filme não lhe dá a importância merecida ao escolher virar os seus holofotes para todas as acusações sofridas pela cantora, menosprezando sua personalidade e complexidade. De forma estereotipada e cruel, a obra não só foca em sua decadência como culpa Winehouse por ela.

O roteiro é sensacionalista assim como a mídia foi na época em que Amy estava viva. É inegável que sua vida foi cheia de problemas, mas inadmissível que seja resumida a isso. Tirando o alvo das costas de seu pai e de seu ex-namorado, pessoas com quem ela mantinha seus maiores conflitos, a principal culpada de toda sua tragédia e decadência se torna ela mesma. De forma irresponsável, tudo soa como um teatro para “limpar a ficha” daqueles que causaram o seu declínio e morte. A forma como o diálogo foi escrito contribui para que Amy seja retratada sem profundidade neste drama baseado em sua vida e carreira.

É notável o comprometimento de Marisa Abela no seu trabalho como a protagonista dessa trama, emulando os trejeitos e o modo de falar da cantora em uma atuação razoável, mas não tão convincente. O filme não aproveita bem seus 122 minutos, prolongando coisas que poderiam facilmente ser evitadas. A fotografia noturna e o contraste entre vermelho e preto presentes em boa parte da produção não passam despercebidos, sendo grandes pontos positivos para “Back to Black”. Além disso, a trilha sonora é envolvente, apesar de as letras das canções não encaixarem com o que está sendo exibido em tela em algumas cenas.

A cinebiografia falha em prestar uma homenagem justa a Amy Winehouse, podendo decepcionar quem acompanhou a trajetória da carreira da artista. A narrativa, ao invés de celebrar seu talento e legado, se concentra nas controvérsias e tragédias de sua vida de maneira problemática, concluindo ser uma exploração superficial dessa figura tão icônica, deixando a desejar em autenticidade. Marisa Abela com sua ternura, juventude e comprometimento é o ponto mais alto da obra, mas não consegue evitar o retrato caricato e cartunesco da artista.
Crítica por Jayro Mycthell.

Back to Black
Estados Unidos, 2024, 122 min.
Direção: Sam Taylor-Johnson
Roteiro: Matt Greenhalgh
Elenco: Marisa Abela, Jack O’Connell, Eddie Marsan
Produção: Alison Owen, Debra Hayward, Nicky Kentish Barnes
Direção de Fotografia: Polly Morgan
Música: Nick Cave, Warren Ellis
Classificação: 16 anos
Distribuição: Universal Pictures











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