Indústrias cinematográficas na Coreia do Sul e na China inspiram estratégias para desenvolvimento setorial, foco do RioMarket 2025.
O potencial da indústria audiovisual para o desenvolvimento econômico e social da cidade e do país foi o fio condutor da abertura do RioMarket, nesta quinta-feira, 2 de outubro. Braço de negócios de debates do Festival do Rio, maior encontro de mercado audiovisual da América Latina, o RioMarket traz como tema central a construção da Nova Indústria do Audiovisual Brasileiro e se estende até o dia 11 de outubro. A diretora do RioMarket e do Festival do Rio, Walkiria Barbosa, destacou na abertura do evento iniciativas para desenvolver no Brasil experiências semelhantes às das cinematografias de maior expansão nas duas últimas décadas, a da Coreia do Sul e a da China.
Em menos de vinte anos, os chineses pularam de menos de cinco mil para mais de 90 mil salas de cinema, como resultado de programas iniciados na virada do século. Em 2022, a Coreia do Sul exportou US$13,2 bilhões em séries, reality shows, filmes e games, sendo esse o maior número já registrado até então. Para atingir esse patamar no Brasil, o setor busca o diálogo constante com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre a cadeia produtiva do audiovisual pelos tomadores de decisão e formuladores de políticas públicas.
Como parte desse processo, foi criada a Federação da Indústria Cinematográfica e Audiovisual. Uma das primeiras iniciativas da FICA, em parceria com a americana Motion Picture Association, é o lançamento de uma pesquisa pela Oxford Economics. O levantamento busca detalhar o potencial do setor para a criação de empregos e a geração de renda, além dos efeitos indiretos sobre a educação e a formação profissional no Rio de Janeiro e seu entorno.
O secretário municipal de Cultura, Lucas Padilha, que esteve presente na abertura do RioMarket, apontou a força do audiovisual carioca para reafirmar a identidade da população local. Além disso, ele destacou a vantagem que o Rio de Janeiro tem por ser uma cidade que tem muito apelo internacional. “O carioca merece o mundo”, definiu. O Festival do Rio, a começar do nome, reforça a vocação da cidade para a produção audiovisual, refletida na frequência com que sua paisagem natural e humana serve de locação para filmes e séries nacionais e internacionais. “Ainda Estou Aqui não pode ser exceção, mas a regra. Temos potencial para disputar o Oscar nas principais categorias, praticamente todos os anos”, argumentou.
De acordo com o secretário, o setor público e a indústria precisam ser capazes de desenvolver mecanismos inovadores de financiamento para que o Brasil tenha mais perspectivas de concorrer nas maiores premiações do cinema mundial. Padilha acredita que planejamento é o nome do jogo. A Reforma Tributária, positiva para a economia em geral, contudo retira R$89 milhões anuais de benefícios para o audiovisual no Rio ao acabar com o ISS, maior receita própria da Prefeitura. Porém, é possível compensar essa perda sem abrir mão de projetos, como a retomada dos cinemas de rua no subúrbio carioca ou a consolidação de centrais de produção, como o Polo Rio Cine Vídeo, que vai ser inaugurado ano que vem.
Para isso, é indispensável mudar a lógica do investimento em Cultura. “O Estado deve entrar para reduzir o risco, não precisa gerir o conteúdo. Um bom exemplo é o Museu do Amanhã, que a Prefeitura do Rio construiu, e hoje, só paga a conta de luz. O projeto torna-se viável com verbas incentivadas, mas não apenas isso”, conclui. “O Rio é a cara do Brasil para o mundo”.







Leave a Reply