Dirigido pela mineira Tania Anaya, longa-metragem conta a história de Curt Nimuendajú, cientista social que reuniu a maior quantidade de dados a respeito dos povos indígenas brasileiros até o momento.
A animação Nimuendajú, de Tania Anaya, teve a sua estreia mundial no maior festival de animação do mundo. Selecionado para a prestigiosa seção Contrechamp do Festival de Animação de Annecy 2025, o filme foi exibido no dia 9. No Brasil e na América Latina, a distribuição será da O2 Play e conta com o apoio da Spcine e Projeto Paradiso.
“Esta semana tem sido muito especial para nossa equipe. Annecy é linda, são mais de 18 mil visitantes, oriundos de 117 países, a programação é intensa e muito boa. Serão, ao todo, 4 sessões de exibição do nosso filme Nimuendajú. A primeira sessão, na segunda-feira, foi feita em uma sala não muito grande, mas cheia, com uma plateia calorosa e interessada. Após a exibição, algumas pessoas vieram trocar impressões, curiosas sobre questões indígenas, sobre a produção do longa, sobre opções estéticas”, conta a diretora Tania Anaya.

A inclusão de Nimuendajú no Festival Annecy é um passo importante da produção brasileira no cenário internacional. “Levar Nimuendajú ao Festival de Annecy e ao mercado MIFA é mais do que apresentar um filme — é abrir caminho para que uma história essencial sobre o Brasil e suas raízes alcance o mundo. É uma obra potente, com uma estética singular. Estar aqui é uma chance valiosa de conectar Nimuendajú a parceiros que compartilham da missão de levar novas narrativas brasileiras ao público global”, destaca Margot Brandão, gerente de negócios da O2 Play.
O longa-metragem é uma impactante cinebiografia do alemão Curt Nimuendajú, que desembarcou no Brasil no início do século XX, e aqui viveu por 40 anos entre povos indígenas. Ele se tornou também, um dos principais cientistas sociais do país ao reunir a maior quantidade de dados a respeito do assunto até a atualidade. Ao longo de sua vida, ele estudou cerca de 50 povos originários do Brasil.
Nimuendajú foi realizado em técnica de animação 2D e, com a proposta de preservar a identidade, o repertório estético, cultural, social e político, a diretora decidiu filmar as comunidades indígenas Apinayé (Tocantinópolis), Canela-Ramkokamekra (Maranhão) e Guarani (Rio de Janeiro), antes de desenhar.
Este é o primeiro longa-metragem da mineira Tania Anaya, há mais de 30 anos atuando no setor audiovisual e em cujo currículo se incluem curtas consagrados, como Balançando Na Gangorra, premiado no 5º Festival Internacional de Animação do Japão (Hiroshima, 1994), e Castelos De Vento, premiado com o Tatu de Ouro na 25ª Jornada de Cinema Ibero-Americano da Bahia (1998) e ainda Ãgtux, documentário e animação, premiado em vários festivais, entre eles o de Oberhausen, (Alemanha, 2007).

“A animação é uma loucura, uma trabalheira sem fim, construída frame a frame, segundo a segundo. Foram 13 anos de produção de Nimuendajú, profissionais diversos contribuíram imensamente, inspiraram, estimularam, ajudaram, disponibilizaram seus talentos. Ver tudo isso brilhando na tela é uma grande alegria”, completa Tânia.
O ator alemão Peter Ketnath, que tem grande atuação em produções brasileiras, entre elas, Passaporte para a Liberdade e Cinema, Aspirinas e Urubus —, dá voz a Nimuendajú, interpretando as intensas cartas que o personagem escreve à irmã, que vivia na Alemanha, e ao amigo Carlos, relatando momentos críticos de sua trajetória pela terras indígenas. Ketnath também foi o produtor do filme, junto a Anaya Produções Culturais, e coprodução da peruana Estúdio Apus.
Sinopse
O filme narra a história de Curt Unckel, alemão de nascimento, que se tornou um dos maiores cientistas sociais do Brasil. Ele chegou ao país aos 20 anos e viveu aqui até sua morte, em 1945. Por 40 anos, Curt conviveu com diferentes povos indígenas. Em 1906, quando os Guarani o batizaram de Nimuendajú, “aquele que encontrou seu lugar no mundo”, ele decidiu abandonar seu sobrenome de família e adotar o nome indígena.
Sua trajetória é marcada pela busca incessante da compreensão de diversas culturas e pela vivência profunda com elas. Nimuendajú foi também uma testemunha indignada do processo de perseguição e expulsão dos povos indígenas de suas terras por latifundiários e pelo governo.
Assista ao trailer aqui.
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