Escala 6×1 e luta trabalhista são temas de filmes do 14º Olhar de Cinema

“Girassóis”, da Mostra Competitiva Brasileira de Curtas, aborda a realidade que sobrecarrega milhares de trabalhadores brasileiros.

Recentemente, a escala 6×1 foi um dos assuntos mais comentados no Brasil. A PEC que pede o fim dessa carga horária, em que o trabalhador atua por seis dias para folgar apenas um, foi protocolada na Câmara dos Deputados, seguindo agora para análise pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) e posteriormente para votação por uma comissão especial e pelo Plenário da Câmara. Se aprovada, a PEC seguirá para o Senado. 

Um dos filmes da 14ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, que ocorre de 11 a 19 de junho, aborda esse tema.

Presente na Mostra Competitiva Brasileira de Curtas, “Girassóis”, de Jessica Linhares Miguel Chaves, lança um olhar sensível e crítico sobre as consequências da precarização do trabalho no Brasil.

O filme narra a rotina de José Carlos e Glória, vividos por Wilson Rabelo Márcia Santos, um casal da terceira idade do subúrbio carioca, que, mesmo após os 60 anos, precisam continuar trabalhando para garantir a sobrevivência. Ele, que atua como fiscal de loja de uma grande rede de supermercados, é subitamente transferido para uma filial mais distante, enquanto ela, professora aposentada, complementa a renda como motorista de aplicativo.

A obra é inspirada em um caso real ocorrido em Recife, em que um funcionário de supermercado faleceu durante o expediente e o estabelecimento seguiu sua operação normalmente, ignorando o corpo. A partir de tal tragédia, “Girassóis” constroi uma narrativa ficcional pregressa para devolver humanidade ao trabalhador desumanizado, permitindo que o espectador o veja em vida, expondo sua convivência com a família e da exaustiva rotina profissional, propondo um retrato íntimo e universal sobre a luta pelo direito ao descanso.

A montagem do filme, assinada por Vinicius Nascimento, reflete a lógica da escala 6×1, em que para cada momento de descanso ou lazer, há seis vezes mais momentos que retratam o trabalho, intensificando a sensação de exaustão.

Assista ao trailer aqui.

“Girassóis” (Dir. Jessica Linhares e Miguel Chaves | Brasil | 2025 | 20’) tem sessões nos dias 14 de junho, às 19h45; e 17 de junho, às 18h30, na Cinemateca. O filme será exibido junto com os curtas “Después del Silencio” (Dir. Matilde-Luna Perotti | Canadá | 2024 | 14’); “A Nave que Nunca Pousa” ( Dir. Ellen Morais | Brasil | 2025 | 15’) “Ídolo Evanescente” (“ليخنلا تابس” | Dir. Majid Al-Remaihi | França, Kuwait, Catar | 2025 | 19’).

Cem anos de luta trabalhista 

O primeiro longa-metragem do diretor russo Sergei Eisenstein, “A Greve”, completa 100 anos em 2025. Lançado em 1925, a produção coloca em evidência a opressão dos trabalhadores pela classe dominante e a luta por seus direitos, retratando a morte de um trabalhador, que foi acusado injustamente de roubo, e a consequente greve organizada pelos trabalhadores.

Assista ao trailer aqui.

Considerada uma obra fundamental do cinema soviético, “A Greve” (Dir. Serguei Eisenstein | Rússia | 1925 | 89’) faz parte da Mostra Olhares Clássicos e tem sessões nos dias 14 de junho, às 18h15, no Cine Passeio (Cine Passeio Luz); e 17 de junho, às 19h45, no Cine Guarani.

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