Crítica – Sonic 3: O Filme (Sonic the Hedgehog 3)

Épico, bonito e fiel à um público que facilmente encontrará emoções como a de assistir a uma nova e empolgante sequência da antiga Marvel.

Adaptações de jogos são sempre um desafio. O próprio Sonic enfrentou alguns de design logo em seu primeiro filme. Parte de uma estratégia de marketing ou não, todo o processo desde Sonic 1 engajou um enorme público, principalmente infantil, mas, em grande parte, adulto, que amava os jogos do ouriço azul. Não há muito como fugir: a, até então, trilogia de Sonic usa e abusa de artifícios do chamado “fan service” para conquistar as duas partes de seu público, tanto através de suas cenas pós-créditos revelando algum novo personagem quanto em abundantes referências do nostálgico jogo.

Sendo sincero, mesmo com essa base, a adaptação consegue ser muito inteligente e decisiva, principalmente em um de seus mais importantes pontos: a escalação de Jim Carrey. Se o público mais velho ainda não estava totalmente imerso, bastou tirar da aposentadoria o lendário ícone do humor e dono de personagens extremamente cativantes, como só o ator sabe ser. Entre seus muitos sucessos, como Grinch, Máskara e Truman, o Doutor Eggman Robotnik com certeza marca a nova geração e refresca, com excelentes momentos, tanto os fãs antigos do ator quanto o público infantil. Em Sonic 3, fazendo dois personagens, consegue não só distribuir piadas dentro e fora do filme como também expressa todo o seu lado Jim Carrey dançante, sádico e de trejeitos corporais característicos de seu trabalho, totalmente entregue.

Sonic the Hedgehog 3 – Paramount Pictures (2024)

Os personagens animados fazem uma grande parceria à qualidade de sua escalação. O trio principal (Sonic, Tails e Knuckles) é pontual em arquétipos muito necessários, tendo o símbolo do alívio cômico, o inteligente e, claro, o líder mais rápido de todo o mundo. Bonitinhos, engraçados sem forçar e dedicados em seus papéis com a humanidade, dessa vez precisam enfrentar um novo inimigo: Shadow. O novo vilão da trilogia já criava enorme expectativa desde seu anúncio em Sonic 2 e, surpreendentemente, consegue supri-la, tendo espaço para um desenvolvimento mais sombrio. A construção de sua moral é explorada dentro do possível, e o apelo às suas motivações é presente. Mesmo para os que não têm apreço por seu personagem nos jogos, é possível entender sua posição e familiarizar-se com esse famoso rosto da franquia.

As cenas de ação são facilmente elogiadas, já padronizadas nos três filmes com uma personalidade base bem chamativa e cheia de cores, para prender a nova geração em tons neons que também representam bem os estilos presentes no jogo. No geral, a única coisa que incomoda na adaptação toda é a necessidade de conexão humana que essas histórias precisam criar: o clássico personagem que vem do espaço e precisa de uma base, uma família. O que, sinceramente, não é negativo, mas, como estabelece essa dependência, o roteiro cria algumas brechas forçadas para suas participações, deixando, assim, Tom (James Marsden) e Maddie (Tika Sumpter) em uma posição de extremo desinteresse, distribuindo piadas banais de dois seres humanos que precisam viver com o desafio de abrigar nossos personagens icônicos.

Sonic the Hedgehog 3 – Paramount Pictures (2024)

Épico, bonito e fiel a um público que facilmente encontrará emoções como as de assistir a uma nova e empolgante sequência da antiga Marvel.

 

Crítica por Guilherme Norvilas.

 

Sonic 3: O Filme | Sonic the Hedgehog 3
Estados Unidos/Japão, 2024, 110 min.
Direção: Jeff Fowler
Roteiro: John Whittington, Josh Miller, Pat Casey
Elenco: Ben Schwartz, Jim Carrey, Keanu Reeves
Produção: Neal H. Moritz, Andrew Riach, Toby Ascher
Direção de Fotografia: Brandon Trost
Música: Tom Holkenborg
Classificação: 12 Anos
Distribuição: Paramount Pictures

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