Crítica – Moana 2

“Moana 2” encontra um mar de desperdícios narrativos em meio à paisagens deslumbrantes.

É inegável que o filme de estreia da personagem foi um sucesso instantâneo. Seja pela protagonista carismática, pelas músicas incrivelmente bem escritas (que nos remetem aos musicais da Disney dos anos 2000) ou pelo visual deslumbrante da animação. Além de seu grande sucesso comercial e crítico, “Moana” trouxe uma abordagem inovadora de diversidade cultural e respeito às tradições polinésias, em uma história criada com capricho e autenticidade.

Conquistando fãs ao redor do mundo, o longa recebeu uma continuação pelas mãos de três diretores estreantes: David G. Derrick Jr., Jason Hand e Dana Ledoux Miller. Na trama, Moana (agora três anos mais velha) recebe um chamado de seus ancestrais para uma nova missão, que consiste em viajar para águas perigosas e distantes da Oceania a fim de reconectar seu povo. Apesar de toda a expectativa, a continuação enfrenta dificuldades em alcançar a mesma profundidade e originalidade do primeiro filme.

Moana 2 – The Walt Disney Pictures (2024)

Um dos principais problemas dessa nova história é a falta de autenticidade, que, infelizmente, carece da maturidade e inteligência demonstradas no antecessor. Os personagens aqui parecem mais imaturos e, com exceção dos dois principais, todos os outros não têm uma personalidade explorada de forma que os tornem relevantes para a trama. Vale lembrar que “Moana 2″ foi originalmente planejado para ser uma série de TV para o Disney+, o que pode explicar o ritmo acelerado que atropela o desenvolvimento da história.

Uma das personagens mais prejudicadas pelo roteiro raso e infantil é a antagonista Matangani, que surge como uma figura intrigante nos trailers, mas acaba tendo uma participação limitada no filme. Sua caracterização, que parecia promissora, não é bem explorada, e suas ações ao longo da história acabam sendo contraditórias, diminuindo o impacto de sua presença na trama.

ALERTA DE SPOILER

Matangani é apresentada como uma vilã ou antagonista durante quase toda a narrativa. No entanto, quando está prestes a atingir seu objetivo (capturar Moana, sem motivo aparente), ela simplesmente ajuda a protagonista a chegar mais rápido ao seu destino. Isso torna toda a construção de sua personalidade maligna descartável.

FIM DO ALERTA DE SPOILER

Moana 2 – The Walt Disney Pictures (2024)

As músicas do longa de 2016, além de inesquecíveis, nos faziam cantar mesmo após sair das salas de cinema. Faixas como “Saber Onde Estou” (How Far I’ll Go) e “De Nada” (You’re Welcome) funcionam igualmente bem no idioma original e na versão dublada. Lin-Manuel Miranda é conhecido por transformar musicais em obras inesquecíveis, como o fantástico “Hamilton” (vencedor de 19 das 46 indicações que recebeu), o aclamado “In The Heights” e também o live-action de “A Pequena Sereia”, que, apesar das críticas negativas à sua história, jamais deixou a desejar no quesito trilha sonora. Em “Moana 2″, Miranda não participou da composição, e sua ausência é sentida de maneira evidente.

As músicas do novo filme, embora competentes, carecem do mesmo brilho e memorabilidade. Ainda assim, há momentos musicais agradáveis, especialmente em faixas que resgatam a essência cultural polinésia, mesmo que sem o impacto arrebatador do primeiro longa.

Moana 2 – The Walt Disney Pictures (2024)

“Moana 2” conta com um visual deslumbrante, que deve ser ainda mais impressionante com a qualidade IMAX. Os cenários, a água, os detalhes nos personagens e a atmosfera geral do filme são de tirar o fôlego, proporcionando uma experiência visual incrível; é um deleite assistir à uma animação tão bela. Apesar disso, a obra não se sustenta em roteiro e direção, sendo excessivamente didática em muitos momentos, a ponto de subestimar a inteligência do espectador. A sequência não traz a maturidade e a originalidade que esperávamos, mas entrega uma beleza visual que impressiona.

A animação oferece momentos divertidos e emocionantes que certamente agradarão ao público infantil, especialmente pelo humor leve e algumas referências modernas, como gírias populares em redes sociais. No entanto, para os fãs do primeiro filme, pode faltar o mesmo impacto emocional e a maturidade narrativa que tornaram a história original tão especial.

Moana 2 – The Walt Disney Pictures (2024)

Mesmo com suas limitações, o longa cumpre a função de trazer Moana de volta às telas e explorar novos capítulos de sua jornada. As crianças sairão felizes do cinema, enquanto os adultos poderão apreciar a beleza visual e revisitar o universo de uma das personagens mais amadas da Disney.

O filme estreia dia 28 de novembro de 2024, somente nos cinemas.

 

Crítica por Pedro Gomes.

 

Moana 2
Canadá/Estados Unidos, 2024, 100 min.
Direção: David G. Derrick Jr., Jason Hand, Dana Ledoux Miller
Roteiro: Dana Ledoux Miller, Jared Bush
Elenco: Auli’i Cravalho, Dwayne Johnson, Alan Tudyk
Produção: Yvett Merino Flores, Christina Chen
Direção de Arte: Daniel Arriaga
Música: Mark Mancina
Classificação: Livre
Distribuição: The Walt Disney Company

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