O desfecho da saga de terror que conquistou uma geração.
Invocação do Mal se tornou um fenômeno a partir do lançamento de seu primeiro filme. Em 2013, o filme popularizou o casal de demonologistas Ed e Lorraine Warren e, desde então, a Warner Bros. se empenhou em trazer os seus casos mais sombrios para as telas de cinema. Ambos se tornaram ícones da cultura popular e do terror, atingindo uma legião de fãs. Agora, Michael Chaves traz, como conclusão da saga, um caso que eles não conseguiram solucionar.

Em 1973, a família Smurl se mudou para um duplex na Pensilvânia. Começaram a ouvir gritos inexplicáveis, relataram objetos se movendo sozinhos e um odor muito forte. Na década de 1980, um incidente com um lustre que caiu e feriu uma das filhas foi o começo de acontecimentos ainda mais sombrios. No livro Haunted: One Family’s Nightmare, a família conta que o cachorro foi arremessado na parede e uma das filhas foi jogada pela escada. Sem solução até então, eles chamaram a imprensa e, ao ver o caso na mídia, Ed e Lorraine decidiram investigar.
Após investigações, eles concluíram que a casa estava sendo habitada por quatro entidades: uma idosa, uma jovem mulher com tendências violentas, um homem que morreu no local e um demônio que usava os outros três espíritos para atormentar a família. O casal de demonologistas não conseguiu expulsar essas entidades, e um padre local, chamado Joseph Adonizio, obteve sucesso após várias sessões de orações intensas.

Após o segundo filme, com a grande popularização do casal, os desenvolvedores decidiram focar mais na relação dos dois e menos nas investigações, o que causou uma repercussão bastante negativa em Invocação do Mal 3, filme com a avaliação mais baixa dentre os quatro da franquia. Ainda sem tirar os holofotes dos Warren, Michael Chaves tentou equilibrar as narrativas, porém não obteve um sucesso realmente gratificante.
A primeira metade do filme tem o desenvolvimento extremamente bem estruturado, em um ritmo lento e intrigante. Após a chegada dos Warren na casa da família Smurl, esse desenvolvimento decai consideravelmente. Pouco é abordado sobre o caso em si ou a dificuldade que os Warren tiveram para tratá-lo, e os Smurl, que deveriam ser o foco da obra, atuam quase como figurantes, com pouquíssimas falas e uma profundidade quase nula. O CGI em algumas cenas beira o amadorismo, problema que poderia ter sido resolvido com o uso de efeitos práticos e jogo de câmeras.

O longa possui uma beleza estética maior que a do seu antecessor, com uma paleta de cores mais balanceada, que realça tanto os momentos de terror quanto os de maior intimidade entre os personagens. A direção de fotografia investe em contrastes mais sutis, explorando a luz e a sombra de forma cuidadosa, o que amplia a imersão e dá ao filme uma atmosfera mais refinada. A maioria dos jumpscares funciona de maneira eficiente, entregando sustos bem construídos que realmente surpreendem o espectador.
Invocação do Mal 4 não deixa de ser um bom filme, mas, para conclusão de uma saga de mais de dez anos, acaba deixando a desejar com erros que poderiam ser facilmente solucionados. O longa tem seu mérito em segurar um bom desenvolvimento até a metade e em manter a atenção e o interesse do espectador ao longo de seus 136 minutos, sendo este o maior filme da franquia.
Crítica por Pedro Gomes.
Invocação do Mal 4: O Último Ritual | The Conjuring: Last Rites
Estados Unidos, 2025, 136min.
Direção: Michael Chaves
Roteiro: Ian B. Goldberg, Richard Naing, David Leslie Johnson-McGoldrick
Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Mia Tomlinson
Produção: Peter Safran, James Wan
Direção de Fotografia: Eli Born
Música: Benjamin Wallfisch
Classificação: 16 anos
Distribuição: Warner Bros. Pictures
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