In-I in Motion – 27ª Festival do Rio (2025)

Crítica | In-I In Motion [27ª Festival do Rio]

Um mergulho profundo na mente criativa de uma artista.

Juliette Binoche assina aqui sua estreia na direção ao revisitar a criação da peça de dança-teatro que ela montou em 2007–2008 com o coreógrafo Akram Khan. O filme é tanto um estudo do processo criativo de ambos como um diário de reflexões íntimas da própria Binoche na construção do espetáculo. A obra retrata os ensaios, as falhas, os acertos e o desgaste físico de cada um deles.

Com cerca de 156 minutos, o documentário se estabelece num ritmo que muitos espectadores vão achar cansativo, mas esse cansaço é estratégico. Ao expor repetições, fricções e desgastes, o filme não só mostra a coreografia final, mas nos faz sentir o preço corporal e emocional daquele trabalho, trazendo uma experiência completamente imersiva.

In-I in Motion – 27ª Festival do Rio (2025)

In-I In Motion documenta uma intersecção de linguagens: uma atriz e um coreógrafo terão que trabalhar juntos, ensinando um ao outro sua arte, se reinventando, se expondo e se exigindo além do que sabem em uma jornada verdadeira e crua. O filme captura não apenas o resultado final da performance, mas todo o percurso que leva até ele. Juliette Binoche, acostumada a atuar diante das câmeras, se vê confrontada com a disciplina física da dança, enquanto o coreógrafo precisa lidar com a dimensão emocional e dramática do teatro. Essa troca constante cria momentos de aprendizado mútuo e reforçam a dedicação e persistência de ambos para a execução de algo que beira a perfeição.

In-I in Motion – 27ª Festival do Rio (2025)

Apesar da longa duração, em nenhum momento o filme se mostra cansativo, pois traz uma imersão que vai além da observação. O espectador é convidado a compartilhar do esforço, da respiração e da entrega dos artistas. Cada ensaio filmado parece prolongar o tempo de forma intencional, para que o público sinta o peso do aprendizado, o ritmo do corpo, o desgaste da criação. O cansaço que surge é o mesmo que Binoche e o coreógrafo experimentam, que revela a beleza do processo.

In-I in Motion – 27ª Festival do Rio (2025)

Em suma, o longa é um retrato íntimo e sensível do trabalho coletivo, da troca criativa e da exigência artística, mostrando que o aprendizado e a construção de uma obra são processos tão ricos e complexos quanto o próprio espetáculo.

 

Crítica por Pedro Gomes.

Filme assistido no 27ª Festival do Rio – Rio de Janeiro Int’l Film Festival (2025)

 

In-I In Motion
França, 2025, 156min.
Direção: Juliette Binoche
Elenco: Juliette Binoche, Akram Kahn
Produção: Sébastien de Fonseca, Solène Léger, Ola Strøm
Direção de Fotografia: Marion Stalens
Música: Philip Sheppard
Classificação: 14 anos

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