After the Hunt – 27ª Festival do Rio (2025) | Imagem: Reprodução TMDB

Crítica | Depois da Caçada (After the Hunt) [27ª Festival do Rio]

Um dilema ético morno e confuso.

Depois do estrondoso sucesso de Challengers, Luca Guadagnino está de volta com seu novo longa, “Depois da Caçada”. Na trama, uma professora universitária se vê em uma encruzilhada pessoal e profissional quando uma aluna faz uma acusação contra um de seus colegas e um segredo obscuro de seu próprio passado ameaça vir à tona.

Os três personagens principais que compõem essa história são completamente ambíguos e não confiáveis. Seus diálogos entre si são amplamente motivados por interesses pessoais, e, assim que o espectador percebe isso, toma consciência de que a noção de veracidade no que está em tela se desfaz. Assim, o filme inicia uma atmosfera de tensão e incerteza que deveria causar reflexão, mas que não é desenvolvida de forma tão poderosa.

After the Hunt – 27ª Festival do Rio (2025) | Imagem: Reprodução TMDB

Ao mostrar diferentes pontos de vista e sem dar um veredito de quem está certo, Depois da Caçada se perde no próprio roteiro, que tenta utilizar a confusão como sinônimo de complexidade. O tema principal: de acusações (sejam elas falsas ou não), cancelamento e dinâmicas de poder aparece em cena, mas jamais é explorado de forma profunda. As discussões nunca se concretizam de modo a abrir diálogo real.

After the Hunt – 27ª Festival do Rio (2025) | Imagem: Reprodução TMDB

O principal ponto positivo do filme de Guadagnino é a força da atuação dos três personagens centrais. Mesmo que o roteiro oscile em sua coerência, é impossível negar o peso que o trio protagonista traz à tela. Julia Roberts faz de Alma uma mulher fria, impenetrável e ao mesmo tempo com fragilidades oriundas de seu passado.

Ayo Edebiri, por sua vez, é o oposto. Sua Maggie é inquieta, imprevisível, engenhosa. Já Andrew Garfield constrói seu personagem com uma ambiguidade desconfortável: há algo sempre suspeito em seu olhar, como se até os gestos mais gentis escondessem uma segunda intenção.

Os três formam um triângulo de forças desiguais que move o filme. Mesmo quando o roteiro se perde, as atuações sustentam o peso moral da história. Guadagnino sabe extrair deles uma tensão que é mais psicológica do que dramática; uma sensação de que ninguém ali está falando a verdade, deixando o espectador ser manipulado pelos protagonistas.

After the Hunt – 27ª Festival do Rio (2025) | Imagem: Reprodução TMDB

 

After the Hunt é um filme que se sustenta nas performances de seu elenco, mas perde força ao complicar em excesso uma história que poderia ser mais eficaz como reflexão moral e ética para o espectador.

 

Crítica por Pedro Gomes.

Filme assistido no 27ª Festival do Rio – Rio de Janeiro Int’l Film Festival (2025)

 

Depois da Caçada | After the Hunt
Estados Unidos/Itália, 2025, 139min.
Direção: Luca Guadagnino
Roteiro: Nora Garrett
Elenco: Julia Roberts, Ayo Edebiri, Andrew Garfield
Produção: Brian Grazer, Allan Mandelbaum, Luca Guadagnino
Direção de Fotografia: Malik Hassan Sayeed
Música: Trent Reznor, Atticus Ross
Classificação: 16 anos
Distribuição: Sony Pictures

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