O surpreendente e hilário retorno de Bridget Jones.
O Diário de Bridget Jones foi um marco dos anos 2000, conquistando uma legião de fãs com sua protagonista carismática e seu humor afiado. Por isso, uma continuação após tanto tempo enfrenta naturalmente o desafio de manter a mesma qualidade e impacto do original. No entanto, Michael Morris faz com que esse novo filme não apenas honra seu legado, mas também consegue ir além, entregando uma comédia romântica vibrante, divertida e, acima de tudo, cativante. Com um equilíbrio impecável entre humor e emoção, a obra se mostra ideal tanto para uma sessão descontraída entre amigos quanto para um momento solitário de pura imersão. Além disso, a mensagem moral inserida na trama surge de maneira orgânica, sem parecer forçada ou imposta.
Na trama acompanhamos Bridget, agora viúva e mãe de dois filhos pequenos, onde ela se vê em uma nova fase da vida, tentando conciliar suas responsabilidades maternas com a possibilidade de encontrar um novo amor. O ponto de partida pode parecer clichê, mas o roteiro rapidamente subverte expectativas, conduzindo a narrativa por caminhos inesperados. A comédia, marca registrada da franquia, permanece afiada e se intensifica, resultando em uma experiência completamente envolvente e memorável, até para quem não conhece os filmes anteriores.

Diferente de tantas comédias românticas que perpetuam ideias irreais sobre relacionamentos, este filme opta por um olhar mais realista sobre o amor. Aqui, não há príncipes encantados nem romances perfeitos; a vida amorosa de Bridget reflete as imperfeições da realidade. O filme nos lembra que o amor não é um conto de fadas, mas sim uma construção feita de convivências, desafios e descobertas mútuas. A protagonista aprende, e nos ensina, que amar é permitir que a vida siga seu fluxo natural, sem a necessidade de forçar acontecimentos ou expectativas irreais.
Um dos pontos mais emocionantes do filme é o arco de seu filho, que, apesar de não ser o protagonista, carrega grande parte da carga dramática da história. Ainda profundamente afetado pela morte do pai, ele se ilude facilmente com os novos namorados de sua mãe na esperança de um deles ser a figura paterna que ele tanto precisa. Essa quebra de expectativas em uma criança é o ponto mais doloroso do filme, e a forma como o roteiro explora esse conflito torna seu desenvolvimento um dos mais tocantes do filme, adicionando camadas de profundidade à narrativa.

Embora o desfecho flerte com o clichê, isso não compromete a experiência. O clichê funciona como um respiro necessário após a intensidade emocional da história. Afinal, é uma comédia romântica, e não um drama executado para provocar lágrimas nos espectadores. A obra respeita sua protagonista e o público, oferecendo uma conclusão que, embora previsível, não deixa de ser satisfatória e coerente com tudo o que foi construído ao longo do filme.

A leveza e o carisma do longa garantem sua funcionalidade. Não é um filme apenas para os fãs da franquia ou para aqueles que se identificam diretamente com a personagem, mas para qualquer um que aprecie uma história bem contada, repleta de humor e emoção. Ao final, fica a sensação de que, mesmo após tantos anos, Bridget Jones continua sendo uma figura irresistivelmente encantadora, capaz de nos fazer rir, refletir e, em alguns momentos, até derramar algumas lágrimas.
Crítica por Pedro Gomes.

Bridget Jones: Louca pelo Garoto | Bridget Jones: Mad About the Boy
Reino Unido / Estados Unidos, 2025, 125 min.
Direção: Michael Morris
Roteiro: Helen Fielding, Abi Morgan, Dan Mazer
Elenco: Renée Zellweger, Hugh Grant, Emma Thompson
Produção: Tim Bevan, Eric Fellner, Jo Wallett
Direção de Fotografia: Suzie Lavelle
Música: Dustin O’Halloran
Classificação: 14 anos
Distribuição: Universal Pictures










Leave a Reply