Crítica – Os Fantasmas Ainda se Divertem (Beetlejuice Beetlejuice)

Mais gótico e sombrio, menos divertido e assustador.

O retorno de um dos fantasmas mais queridos do cinema é, sem dúvida, um dos eventos mais aguardados de 2024. Na nova trama, vemos a família Deetz de volta a Winter River após a morte inesperada de Charles. Astrid, a filha rebelde de Lydia Deetz, descobre a misteriosa maquete da cidade no sótão e, sem querer, reabre o portal para o além, jogando a vida dos Deetz no caos com o retorno do extravagante Beetlejuice.

Além dos rostos conhecidos, o filme apresenta Monica Bellucci como Delores, a primeira esposa de Beetlejuice, e Willem Dafoe como Wolf Jackson. Contudo, o desenvolvimento desses novos personagens é um dos pontos fracos da obra. Delores pouco faz além de vagar pelos corredores do pós-vida em busca de seu ex-marido, sem falas ou diálogos relevantes. Wolf Jackson, embora promissor, é extremamente mal aproveitado, conduzindo uma investigação que não leva a lugar nenhum, culminando em um desfecho decepcionante para ambos.

Beetlejuice Beetlejuice – Warner Bros. Pictures (2024)

O roteiro, escrito por Miles Millar e Alfred Gough, carece do cuidado e da alma presentes no original de Warren Skaaren e Michael McDowell. Até mesmo a icônica Day-O, que marcou a famosa cena da dança no filme de 1988, parece deslocada e fora de sintonia nesta sequência. Beetlejuice tem menos tempo de tela do que Winona Ryder e Jenna Ortega, que, embora entreguem boas atuações, são prejudicadas por diálogos fracos e cenas previsíveis, centradas em uma dinâmica mãe e filha que não se desenvolve de maneira alguma.

O personagem de Michael Keaton foi promovido a gerente de call center, e isso é um dos acontecimentos mais cômicos de “Beetlejuice Beetlejuice” devido à adição dos novos personagens de cabeças encolhidas, principalmente do funcionário Bob: leal, gentil, e com certeza o personagem mais cativante de todas as uma hora e quarenta minutos de duração.

Beetlejuice Beetlejuice – Warner Bros. Pictures (2024)

A direção de Tim Burton nessa nova aventura é uma celebração de sua estética única e visionária. Mesmo após três décadas e meia, ele retoma sua combinação do grotesco com o cômico, se mantendo em um universo excêntrico onde o macabro é estranhamente encantador. Burton continua a utilizar efeitos práticos e stop-motion, mantendo o filme no mesmo patamar visual do original. Sua direção é crucial para estabelecer o tom peculiar da obra, onde fantasmas são hilários, e a morte é tratada com uma leveza intrigante.

Jenna Ortega está extremamente confortável no papel, mostrando estar acostumada à dar vida à personagens góticas e excêntricas. A trilha sonora, embora não memorável, faz uma boa escolha em repetir músicas do primeiro filme, trazendo um agradável toque de nostalgia. As cenas com uso de tela verde apresentam uma tecnologia aprimorada, mas sem exageros, preservando o charme retrô da estética original.

Beetlejuice Beetlejuice – Warner Bros. Pictures (2024)

Em resumo, “Beetlejuice Beetlejuice” não se sustenta em seu roteiro e a duração é sua maior inimiga. O filme tem momentos divertidos, mas dificilmente mantém o espectador completamente envolvido. A falta de profundidade do texto pode incomodar alguns, mas a nostalgia, para outros, pode compensar essas falhas.

 

Crítica por Pedro Gomes.

 

Os Fantasmas Ainda se Divertem | Beetlejuice Beetlejuice
Estados Unidos, 2024, 104 min.
Direção: Tim Burton
Roteiro: Miles Millar, Alfred Gough
Elenco: Michael Keaton, Winona Ryder, Jenna Ortega
Produção: Tim Burton, Marc Toberoff, Tommy Harper
Direção de Fotografia: Haris Zambarloukos
Música: Danny Elfman
Classificação: 14 anos
Distribuição: Warner Bros. Pictures

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