Dirigido pelo português Pedro Pinho, filme coproduzido por Tatiana Leite da Bubbles Project conta com brasileiros no roteiro, fotografia, montagem e som, além do ator Jonathan Guilherme dando vida a um dos protagonistas.
O longa-metragem “O RISO E A FACA” (I Only Rest In The Storm), que venceu o Prêmio de Melhor Atriz (Cleo Diára) na 78ª edição do Festival de Cannes dentro da Mostra Un Certain Regard, acaba de ser selecionado para o Festival do Rio, que acontece de 02 a 12 de outubro. Da produtora Tatiana Leite ao diretor de fotografia, Ivo Lopes Araújo, 31 profissionais do cinema nacional integram a equipe brasileira do filme. Fruto de uma parceria entre Portugal, Brasil, Romênia e França, o longa é dirigido pelo português Pedro Pinho, de “A Fábrica de Nada” (2017).
Batizado a partir de uma música homônima do músico cantor e compositor baiano Tom Zé, o filme foi rodado na Guiné-Bissau e no deserto da Mauritânia entre fevereiro de 2022 e janeiro de 2024 e é coproduzido pela brasileira Bubbles Project, com distribuição no Brasil da Vitrine Filmes.
“O RISO E A FACA” conta a história do engenheiro ambiental Sérgio, português que viaja para uma metrópole na África Ocidental onde vai trabalhar num projeto rodoviário entre o deserto e a selva. Lá, ele desenvolve um relacionamento íntimo com dois moradores da cidade, Diára e Gui. No trio de protagonistas, está o brasileiro Jonathan Guilherme, ex-atleta de vôlei que trocou as quadras pela arte e hoje é poeta em Barcelona, na Espanha, onde mora. Ele dá vida ao personagem Gui e contracena com o português Sérgio Coragem, conhecido por seus papéis em “Verão Danado” (2017) e “Fogo-Fátuo” (2022); e a premiada cabo-verdiana Cleo Diára, de “Diamantino” (2018).
BRASILEIROS
Jonathan não é o único brasileiro no elenco, que conta ainda com a participação do doutor em antropologia Renato Sztutman, interpretando a si mesmo. Nomes do cinema nacional estão presentes em cargos-chave do projeto, falado em português e criolo. Uma das produtoras de “O RISO E A FACA” é a brasileira Tatiana Leite (“Malu”, 2024), fundadora da Bubbles Project, uma das empresas que assinam a produção do longa, que ainda traz os também brasileiros Rodrigo Letier (“Gabriel e a Montanha”, 2017), da Kromaki Filmes, como produtor associado e Eduardo Nasser na direção de produção. Miguel Seabra Lopes (“A Febre”), nascido em Portugal e com nacionalidade brasileira, é um dos roteiristas do filme.
Na área técnica, o longa também conta com a experiência e o talento de vários profissionais brasileiros, como o diretor de fotografia Ivo Lopes Araújo (“Tatuagem”, 2013), a montadora Karen Akerman (“O Lobo Atrás da Porta”, 2013) e o editor de som Pablo Lamar (“A Flor do Buriti”, 2024). A lista de colaboradores nacionais ainda tem Stella Rainer, Wanessa Malta, Vernal Santos, Amina Nogueira, Caio Costa, Martão Vagner, Isabel Lessa, Victor Hugo Pancaldi, Fernando Junior, entre outros, somando 31 brasileiros na equipe.
SINOPSE
Sérgio viaja para uma metrópole da África Ocidental. Vai trabalhar como engenheiro ambiental para uma ONG, na construção de uma estrada entre o deserto e a selva. Ali, envolve-se numa relação íntima mas desequilibrada com dois habitantes da cidade, Diára e Gui. À medida que adentra nas dinâmicas neocoloniais da comunidade de expatriados, esse laço frágil torna-se o seu último refúgio perante a solidão ou a barbárie.
O TÍTULO
A expressão escolhida para batizar o filme apresenta mais uma conexão com o Brasil. “O Riso e a Faca” é o título de uma canção composta e interpretada pelo gênio baiano Tom Zé para o disco que leva o nome do cantor, de 1970, e regravada em seu álbum mais polêmico, Todos os Olhos (1973). Na letra, segundo análise de Guilherme Cruz, no site Galeria Musical, o artista fala da dualidade do ser humano: “a busca por conter dentro de si todos os extremos, retirando sua força do caos”, paradoxo semelhante ao vivido pelos protagonistas do filme. Raphael Vidigal, da Esquina Musical, vai além e diz que Tom Zé leva esse jogo de opostos para a construção da música: “investindo nos paroxismos tanto na letra quanto na estrutura, a canção une uma parte ácida a outra mais lírica”, uma lógica que se aproxima do modo como Pedro Pinho constrói a narrativa de “O RISO E A FACA”. Nada é uma coisa só.
Quero ser o riso e o dente
Quero ser o dente e a faca
Quero ser a faca e o corte
Em um só beijo vermelho
Fiz meu berço na viração
Eu só descanso na tempestade
Só adormeço no furacão
Eu sou a raiva e a vacina
Procura de pecado e conselho
Espaço entre a dor e o consolo
A briga entre a luz e o espelho
Fiz meu berço na viração
Eu só descanso na tempestade
Só adormeço no furacão








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