O longa de estreia de Sarah Friedland traz um olhar empático e vulnerável sobre a perda de memória e a dignidade na velhice.
Após uma aclamada estreia no 81º Festival Internacional de Cinema de Veneza, em 2024, onde conquistou o Leão do Futuro (Melhor Filme de Estreia), Melhor Direção (seção Orizzonti) e Melhor Atriz para Kathleen Chalfant, “Toque Familiar” aterrissa no Brasil em 18 de Setembro como uma das apostas mais viscerais e emocionantes da Imovision para 2025.
O filme, que teve sua estreia americana em junho de 2025, com 98% de aprovação no Rotten Tomatoes e 88/100 no Metacritic, foi um dos destaques da 48ª Mostra de Cinema de SP, onde também foi premiado como Melhor Filme de Ficção.
A história serve como espelho para nossa própria humanidade ao retratar a jornada de uma mulher com Alzheimer que se muda para uma casa de repouso, explorando com empatia profunda os laços familiares, a vulnerabilidade da velhice e a beleza persistente da vida.
Para o Dr. Diogo Haddad, Neurologista e Coordenador do Núcleo de Memória do Alta Diagnósticos, “Mesmo diante de doenças que comprometem a memória, nunca perdemos a capacidade de sentir, de nos emocionar e de nos conectar. O cuidado neurológico precisa valorizar não só a ciência, mas também a dimensão humana do paciente.”
Estrelado pela lendária Kathleen Chalfant em uma performance de tirar o fôlego – capaz de despertar memórias pessoais em cada espectador – “Toque Familiar” transcende o drama familiar com uma pergunta que ecoa em todos nós: o que resta quando a memória se dissolve?
A DIRETORA TRABALHOU TRÊS ANOS COMO CUIDADORA PARA CRIAR UMA NARRATIVA CADA VEZ MAIS PRÓXIMA DA REALIDADE
Sarah Friedland, nascida em 1994 nos EUA, é cineasta e coreógrafa com formação em Cultura Moderna e Mídia pela Brown University. Assistente de diretores como Steve McQueen e Kelly Reichardt, ela traz sua experiência em movimento e dança para este longa de estreia, explorando o corpo envelhecido como um palco de significados sociais e políticos.
O projeto de “Toque Familiar” foi inspirado nas vivências da diretora com sua avó, que desenvolveu demência e se tornou não-verbal. Sua família passou a tratar a senhora no verbo passado, despertando um gatilho em Friedland que a fez questionar qual era esse espaço entre a pessoa que um dia existiu – e a que ainda estava ali, como corpo físico. Friedland começou a trabalhar como cuidadora e gravou o filme com residentes reais para garantir uma verossimilhança e conexão genuína com o tema.
Friedland realizou oficinas de cinema com residentes da Villa Gardens, em Pasadena, transformando-os em co-criadores e atores – uma abordagem ética, sem estereótipos, que evitou filmar alas de demência real, priorizando consentimento e valorizando a comunidade.
A PERFORMANCE MAJESTOSA DE CHALFANT – ONDE CADA TOQUE CONTA UMA HISTÓRIA
Kathleen Chalfant, ícone do teatro americano com carreira extensa na Broadway, entrega aqui sua performance mais marcante no cinema – “monumental e profundamente humana”, como elogiou o LA Times – humanizando Ruth como alguém múltiplo: mãe, amante, profissional, criança e mulher.
CURIOSIDADES QUE TORNAM O FILME INESQUECÍVEL
- O Som do Silêncio: Sem trilha musical tradicional, o filme usa sons ambientes – ar-condicionado, murmúrios, toques – como “score” natural, inserindo o público dentro da mente de Ruth e ressaltando a conexão humana com a narrativa.
- Sexualidade sem Tabus: Explora flertes e desejos tardios com sensibilidade, desafiando estigmas sobre idade e demência, em cenas que misturam ciúme, prazer e vulnerabilidade.
- Sucesso Global: Após Veneza, o filme rodou festivais como New York Film Festival e AFI Fest, e seu lançamento nos EUA gerou debates em veículos como The New Yorker, com exibições especiais e entrevistas destacando sua relevância pós-pandemia.
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