A 19ª edição da CineBH foi aberta na noite desta terça-feira com uma celebração ao cinema brasileiro e latino-americano, em um Cine-Theatro Brasil com mais de mil pessoas. O público assistiu à performance audiovisual que antecedeu a sessão do filme “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, marcando o início da programação do festival em Belo Horizonte.
Na abertura, a coordenadora da CineBH, Raquel Hallak, destacou os desafios e transformações que atravessam o audiovisual, em especial diante das novas tecnologias e do impacto da inteligência artificial. Ela defendeu a importância de regulamentar o streaming no Brasil e ressaltou: “A CineBH é esse território de encontro, formação e visibilidade para promover diálogos entre culturas e fortalecer redes de afeto e de trabalho”.
Raquel também chamou atenção para a necessidade de cooperação entre os países latino-americanos na construção de políticas para o setor. “Somos 20 países autônomos, mas com desafios que só podem ser enfrentados em conjunto. As telas são espaços de memória e de sonhos. Não há futuro sem política pública ou investimento audiovisual. O audiovisual é parte da soberania de um país e uma força de desenvolvimento”, afirmou.
A noite foi marcada pela homenagem ao ator mineiro Carlos Francisco, nome em destaque no cinema brasileiro contemporâneo. A artista Josy.Anne apresentou uma leitura musical inspirada em sua trajetória, com referências à ancestralidade e aos personagens que o ator levou às telas.
Em seguida, a atriz Rejane Faria, parceira de cena de Carlos em “Marte Um”, emocionou o público ao relembrar a relação artística entre os dois. “Minha história com Carlos é uma história de olhares. A gente conversa pelo olhar e aprendemos juntos a fazer audiovisual. Carlos é raridade: uma pessoa que você não acredita que vai encontrar”, disse.
O cineasta Maurílio Martins, representando a produtora Filmes de Plástico, também exaltou a carreira do homenageado. Segundo ele, Carlos Francisco é um exemplo de dedicação e talento que, mesmo tendo iniciado no cinema apenas em 2013, já acumula experiência e reconhecimento após longa trajetória no teatro.
Visivelmente emocionado, o homenageado agradeceu à família, aos parceiros de trabalho e à CineBH pela celebração. “Sou um quilombola de formação oral e uma homenagem dessas me mostra que deu pra aprender direitinho”, disse Carlos, às lágrimas. Ele lembrou ainda da tia que o levou ao teatro pela primeira vez, experiência que despertou seu desejo de se tornar ator. “Isso é um estímulo a continuar fazendo”, completou.
O encerramento da cerimônia ficou por conta da exibição de “O Agente Secreto”, em que Carlos Francisco interpreta um projecionista de cinema envolvido na trama protagonizada por Wagner Moura. O filme, que integra a programação da mostra, coroou uma noite em que arte, emoção e política se encontraram para reafirmar a força do cinema brasileiro e latino-americano.