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Crítica | Pantera Negra e a Necessidade de Pertencer

Em tempos de maior tensão racial, presidentes – e presidenciáveis – racistas, crescente do neonazismo e discussão sobre muros em vez de pontes, Pantera Negra vem pra nos reconfortar com uma sensação de que talvez – só talvez – o mundo possa ser menos dividido e desigual.

A primeira aventura solo de T’Challa traz nosso príncipe com a missão de reinar sobre Wakanda após os eventos de Capitão América: Guerra Civil, ao mesmo tempo em que precisa lidar com antigos e novos inimigos.

Já é o décimo oitavo filme e a Marvel se mostra capaz de se reinventar e trazer frescor à sua conhecida fórmula (que nada mais é que a famosa jornada de herói), percebendo algo que público e crítica haviam notado muito antes: diretores precisam de liberdade criativa. Não que Taika Waititi (Thor: Ragnarok), James Gunn (Guardiões da Galáxia/vol. 2) e Irmãos Russo (Soldado Invernal, Guerra Civil e o extremamente aguardado Guerra Infinita) não tenham tido tal poder, mas Pantera Negra chega a ser mais uma obra do Ryan Coogler do que um produto da Marvel Studios em si. Obviamente existem limitações, afinal, estamos falando de um universo compartilhado prestes a descambar em sua conclusão planejada há mais de dez anos, ainda assim é um filme que funciona muito bem sozinho, tem alma, fogo, gingado, seriedade (SIM!) e tudo que pedimos a Bast.

O tratamento que a produção teve com Wakanda faz saltar os olhos e até emociona os mais sensíveis. Misticismo, tradição, religiosidade e cultura acabam chamando mais atenção do que a tecnologia extremamente avançada – que fazem todas as Mark-qualquer-número de Tony Stark parecerem coisa de amador.

Chadwick Boseman é o Pantera Negra. (Foto: Marvel Studios – Reprodução)

O elenco é um espetáculo! Chadwick Boseman segura a responsabilidade do protagonismo muito bem, entregando diversas camadas e tornando T’Challa um dos personagens mais completos da Marvel. Letitia Wright (Shuri) tem um carisma absurdo e rouba a cena diversas vezes (definitivamente será inspiração e exemplo pra muitas garotas jovens, sobretudo negras). A querida Lupita Nyong’o (Nakia) está muito bem, não surpreende, mas também não decepciona. Na medida certa, com ótimos momentos e sendo muito mais que um par romântico. As Dora Milaje são incríveis e sua líder, Okoye (Danai Gurira), é sensacional, forte, foderosa (com “f” mesmo) e chega a empolgar mais na ação do que o próprio Pantera. O vilão… Ah, meus amigos, que vilão! O Universo Cinematográfico Marvel não é tão conhecido pelos seus vilões, mas Killmonger (Michael B. Jordan) veio pra mudar esse quadro e adicionar um pouco de tensão e um embate mais ideológico do que físico. Suas motivações são reais, compreensíveis, fortes e te fazem pensar por diversas vezes: “Mas será que ele não tem razão?” Você vai se pegar do lado dele mais do que gostaria, pode acreditar.

Pantera Negra é o filme mais sério e necessário que a Marvel já fez. É um thriller político muito antes de ser um filme de super-herói e conversa com o tempo que a gente vive (sem ser confuso para os pequenos que estão alheios a isso tudo).

Mal posso esperar pra ver o pôr-do-sol mais lindo que existe de novo.

Esta crítica é uma reprodução originalmente publicada em parceria pelo projeto Desanimado.