María Candelaria; Eu, Tu, Ele, Ela; Apocalypse Now; O Apocalipse de um Cineasta, Incêndios e Amores Brutos compõem a seleção.
O Festival do Rio, que acontece de 02 a 12 de outubro no Rio de Janeiro, apresenta a mostra Clássicos & Cults, dedicada a revisitar filmes que marcaram a história do cinema, seja por sua relevância cultural, impacto estético ou pela intensidade de suas histórias. A seleção reúne desde obras premiadas até títulos que conquistaram status de cult ao longo das décadas.
Entre os destaques da mostra está Incêndios (Incendies, 2010), do canadense Denis Villeneuve, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O drama acompanha os gêmeos Jeanne e Simon que acabam de perder a mãe. No testamento, ela deixou exigências incomuns: ser enterrada sem caixão, nua, de costas, sem qualquer lápide. Além disso, os irmãos receberam dois envelopes — um para entregar ao pai (que sempre pensaram estar morto) e outro destinado a um irmão cuja existência desconheciam. Somente após cumprirem essas missões é que receberão um envelope secreto com permissão para erigir uma lápide para a mãe. E assim iniciam uma jornada em busca do passado, que os leva até o Oriente Médio. O filme vai ser relançado nos cinemas pela Imovision.
Outro momento imperdível é a exibição de Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola, um dos maiores épicos de guerra da história do cinema, ganhadora da Palma de Ouro em Cannes em 1979 e de vários Oscars no ano seguinte. Obra-prima controversa e polêmica, reúne no elenco Marlon Brando, Robert Duvall, Martin Sheen, Frederic Forrest, Albert Hall, Sam Bottoms e Larry Fishburne no elenco.
Para completar a experiência, a mostra traz também Hearts of Darkness: A Filmmaker’s Apocalypse (1991), documentário de Eleanor Coppola (esposa de Francis Ford Coppola) que narra os bastidores caóticos de Apocalypse Now. Filmado durante a produção do filme e enriquecido com entrevistas posteriores, o documentário mostra os diversos problemas que quase levaram o projeto ao colapso, como produção, gestão financeira, logística e até mesmo a saúde de elenco e equipe. Na época das filmagens, as complicações ameaçaram a carreira de Coppola. Ganhador de vários prêmios, incluindo diversos Emmys.
Outro destaque é María Candelaria (1944), um dos projetos de maior êxito do diretor mexicano Emilio Fernández. O filme, que construiu uma imagem do México que se fixou no imaginário latino-americano e internacional por décadas, narra a história de María Candelaria, jovem indígena rejeitada por sua própria comunidade por ser filha de uma prostituta, e protegida pelo indígena Lorenzo Rafael, que se apaixona por ela. Uma obra que definiu o estilo de uma era do cinema mexicano, unindo estética, melodrama e crítica social. O filme foi restaurado pelo Museu da Academia do Oscar e é apresentado no Festival do Rio no contexto da presença de Bill Kramer, presidente da Academia, no festival.
A mostra Clássicos & Cults traz ainda Eu, Tu, Ele, Ela (1974), primeiro longa dirigido e protagonizado por Chantal Akerman, diretora belga de origem judaica. No filme mais sexualmente audacioso de Akerman, a personagem deixa um isolamento autoimposto após um término para embarcar em uma viagem que leva a casos de amor solitários com um motorista de caminhão e uma ex-namorada.
Outro destaque é Amores Brutos (2000), filme de estreia do mexicano Alejandro G. Iñárritu. Marco do cinema latino-americano contemporâneo, o longa completa 25 anos em 2025 e retorna em versão restaurada em 4K, exibida este ano na seleção Cannes Classics e agora no Festival do Rio. A trama entrelaça três histórias marcadas pela violência, pelo amor e pela sobrevivência, todas conectadas por um brutal acidente de carro na Cidade do México. Com sua narrativa fragmentada e visceral, Iñárritu inaugurou a estética que marcaria sua carreira em obras como 21 Gramas e Babel. No Brasil, o filme entrará em cartaz nos cinemas em parceria entre a MUBI e a Retrato Filmes.
Clássicos & Cults
Maria Candelária (1944), de Emilio Fernández
Eu, Tu, Ele, Ela (1974), de Chantal Akerman
Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola
Francis Ford Coppola – O Apocalipse de um Cineasta (1991), de Eleanor Coppola, Fax Bahr e George Hickenlooper
Incêndios (2010), de Denis Villeneuve
Amores Brutos (2000), de Alejandro González Iñárritu