“Emmanuelle” promete reinventar o universo apresentado no filme original, mas apenas o reproduz.
Após o aclamado “O Acontecimento”, indicado ao BAFTA, 4 Césars e vencedor do Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza em 2021, Audrey Diwan anunciou no Festival de Cinema de Cannes no ano seguinte, em 2022, o seu terceiro longa-metragem: um reboot de “Emmanuelle”, polêmico softporn de Just Jaeckin lançado em 1974 e que ao longo do tempo tornou-se um clássico cult. Co-escrito por Diwan juntamente com Rebecca Zlotowski (“Grand Central”), o filme inicialmente teria Léa Seydoux (“Azul é a Cor Mais Quente”) como a personagem-título, até fevereiro de 2023 quando foi anunciado que Noémie Merlant (“Retrato de Uma Jovem em Chamas”) a substituiria. Mais tarde, nomes como os de Naomi Watts (“Cidade dos Sonhos”), Will Sharpe (“The White Lotus”) e Jamie Campbell Bower (“Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet”) foram anunciados como integrantes do elenco do filme. “Emmanuelle” fez sua estreia em 20 de setembro de 2024 no Festival de Cinema Internacional de San Sebastian na Espanha e agora em julho de 2025 finalmente chega aos cinemas brasileiros.
Como dito anteriormente o filme é um reboot do longa de 1974, isto é, quando o universo inteiro onde a trama é ambientada desconsidera os filmes anteriores e é reinventado, e esta mudança abrange não somente a narrativa como também os aspectos técnicos e os personagens da trama, que também sofrem alterações. Porém reboots geralmente levam em consideração as mudanças socioculturais ocorridas no intervalo de tempo do lançamento de ambas as produções. E esse não é exatamente o caso de “Emmanuelle” de 2024, isso porque o filme parece atentar-se mais em agradar ao público fã não somente do filme original mas também da franquia ao manter o foco na busca da personagem pelo prazer ao invés de ter também como objetivo ressignificar a protagonista, adicionando camadas e assim aprofundando-a como pessoa e não apenas reduzindo-a como objeto de desejo.

O filme tenta apresentá-la como uma jovem mulher em busca de liberdade e emancipação sexual, mas a liberdade é limitada ao que agrada o olhar masculino. No filme acompanhamos a sua constante busca por prazer e a sua insatisfação por nunca alcançar o nível de prazer que tanto deseja. Para não dizer que “Emmanuelle” é apenas isso do início ao fim, o filme até possui uma trama interessante e envolvente. Emmanuelle trabalha como uma inspetora de controle de qualidade para uma rede hoteleira e é enviada a Hong Kong para avaliar o padrão de qualidade da unidade do hotel honconguês assim como o trabalho de Margot Parson (Naomi Watts) como a gerente do hotel. À medida que Emmanuelle prossegue com sua inspeção, fica cada vez mais claro que há algo de errado com o hotel. Porém pouco depois da primeira hora de filme esta trama é completamente abandonada e nós voltamos a acompanhar a jornada em busca de prazer de Emmanuelle.
Ao seguir por esse caminho o filme desperdiça o potencial de ter sido algo além do que a mesma história vista no filme de 1974, porém ambientada nos tempos atuais e sem uma Emmanuelle objetificada, mas sim humanizada.
O filme estreia amanhã nos cinemas brasileiros.
Crítica por João Becker.
Emmanuelle
França, 2024, 105min.
Direção: Audrey Diwan
Roteiro: Rebecca Zlotowski, Audrey Diwan
Elenco: Noémie Merlant, Will Sharpe, Jamie Campbell Bower
Produção: Marion Delord, Reginald de Guillebon, Audrey Diwan
Direção de Fotografia: Laurent Tangy
Música: Evgueni Galperine, Sacha Galperine
Classificação: 18 anos
Distribuição: Imovision










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