Um bom início de franquia; um bom revival de seu universo pregresso
Há muito que se falar a respeito do lançamento do terceiro filme da franquia “Extermínio”, intitulado “Extermínio: A Evolução”. Primeiro, porque o primeiro deles (“Extermínio”, ou “28 days later” no original) foi não só um propulsor de nomes como Cillian Murphy (“Openheimmer”, “Peaky Blinders”), mas também do gênero terror de zumbis na Europa. Lançado em 2002, o filme foi dirigido pelo até então pouco conhecido Danny Boyle (“Quem Quer Ser Um Milionário?”) e escrito por Alex Garland (“Ex Machina: Instinto Artificial”). 23 anos depois de seu lançamento, a dupla de diretor e roteirista retorna para o terceiro filme da franquia, que promete ser – para além disso – o início de uma nova leva de filmes.
Passando-se 28 anos após os eventos que originaram o primeiro filme (O título original é “28 years later”), “Extermínio: A Evolução” conta a história dos moradores de uma pequena ilha não infectada pelo vírus causador de todos os problemas referentes à saga. Vale lembrar que no primeiro filme, um avassalador vírus da raiva se espalha por Londres, infectando a todos e causando uma completa transformação de suas vítimas. Aqui, este mesmo vírus ainda se espalha, entretanto não consegue chegar a esta pequena ilha, onde seus moradores se beneficiam de uma localização privilegiada, em que a maré alta cobre por completo o único caminho até ela vindo do continente infectado. Quando a maré fica baixa, é possível atravessar o caminho, e é nestes momentos em que os moradores da ilha fazem uma espécie de ritual de iniciação com seus moradores mais novos, sendo eles levados até o continente por um de seus pais para seus primeiros enfrentamentos cara-a-cara com os zumbis.

O protagonismo do filme fica com Aaron Taylor-Johnson (“Nosferatu”), Jodie Comer (“Killing Eve”) e Alfie Williams, este último o garoto que tem sua iniciação realizada ao lado de seu pai (Taylor-Johnson) e que busca respostas para os misteriosos problemas de saúde de sua mãe (Comer), bem como com a sempre impecável atuação de Ralph Fiennes.
Há uma estética bastante interessante no filme. Com uma pegada gamer, a narrativa se constrói de modo a que tenhamos a sensação de que estamos imersos em um game de suspense e terror. Alguns gráficos são deliberadamente feitos tais quais jogos de mesma temática, com explosões e congelamentos de cena que causam um impacto ainda maior no espectador. A expectativa criada diante da inconstância perante a existência dos zumbis se caracteriza semelhante a jogos como “Resident Evil” e “The Last of Us”.

Há contudo, algumas ressalvas (possibilidade de pequenos spoilers). O filme coloca Isla, personagem de Jodie Comer, como portadora de uma doença misteriosa, que faz com que seu filho Spike (Williams) arrisque a sua vida e a de Isla em busca de um médico no continente que seja capaz de curá-la. Entretanto, em um dado momento, Isla se mostra muito mais capaz de lidar com os zumbis do que se espera, quase como se algo em sua condição lhe desse algum elemento surpresa que ela própria desconhece. Esse aspecto, contudo, não é desenvolvido no filme, e fica um vazio com relação ao que se poderia explorar com relação a esta personagem. É como se o momento em que ela aniquila de forma brutal um zumbi fosse algo corriqueiro, e não uma situação completamente atípica e merecedora de aprofundamento.
Uma outra questão gira em torno do rumo que o filme toma ao final, com a introdução de alguns personagens bastante peculiares (para dizer o mínimo). Fica se sem entender qual é a proposta para os próximos filmes, se uma pegada mais cômica (tendo em vista as características físicas destes novos personagens) ou se é apenas uma questão de se valer de mais um elemento graficamente complexo dentro de um universo com suas próprias idiossincrasias.

Apontamentos à parte, o filme é bastante interessante e se mostra cheio de muitos elementos que possivelmente dão margem para boas explorações nos novos filmes da franquia. Entretem na medida certa, sem se tornar massante ou complexo demais para ser entendido num primeiro olhar.
Crítica por Bianca Rolff.
Extermínio: A Evolução | 28 Years Later
Estados Unidos/Reino Unido, 2025, 116min.
Direção: Danny Boyle
Roteiro: Alex Garland, Danny Boyle
Elenco: Jodie Comer, Aaron Taylor-Johnson, Jack O’Connell
Produção: Danny Boyle, Alex Garland, Andrew Macdonald
Direção de Fotografia: Anthony Dod Mantle
Música: Alloysious Massaquoi, Kayus Bankole, ‘G’ Hastings
Classificação: 18 anos
Distribuição: Sony Pictures
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