Lilo & Stitch comove e diverte em live action repleto de acertos que honra nossa infância.
Sabemos o quanto mexer em clássicos que marcaram a nossa infância pode ser perigoso e, em muitos casos, arriscado. Em 2002, estreava Lilo & Stitch, uma animação que conquistaria crianças e adultos ao redor do mundo por diversas gerações. Mais de 20 anos depois, a Disney dá um passo audacioso e, em meio à sua leva de live-actions de clássicos animados, decide recriar o longa de Chris Sanders e Dean DeBlois nesse novo formato. O que faz Lilo & Stitch (2025) ser especial é que aqui, percebemos que o filme foi feito com carinho, cuidado e amor, sem se afastar da essência da história original que conquistou o coração de tantas pessoas.
O primeiro acerto crítico veio já na escolha do elenco: Maia Kealoha como protagonista. Uma menina que, até então, nunca havia atuado profissionalmente, mas que demonstrava ter tudo o que era necessário para interpretar Lilo: paixão, carisma e uma doçura genuína. Maia encanta com sua atuação espontânea e comovente. Em especial nas cenas ao lado de Stitch e Nani, fica evidente o que a Disney sempre quis alcançar com esses remakes: fazer com que nossos personagens favoritos ganhem vida e passem a habitar o nosso mundo real.

A relação entre Nani e Lilo, que já era um dos pilares emocionais da animação original, ganha aqui traços ainda mais profundos. Em meio ao luto e à solidão provocados pela perda dos pais, Lilo encontra em Nani uma figura de amor e proteção, tornando a relação das duas mais realista e tocante. A chegada de Stitch à vida das duas surge como um catalisador para essa reconstrução familiar. Sydney Agudong entrega uma performance marcante como Nani e sua química com Maia é tão intensa que torna quase impossível não se emocionar ao vê-las juntas em cena. São momentos que aquecem o coração e evocam com potência a palavra que costura toda a história: ‘ohana.

E é claro, a pergunta que não quer calar: o roteiro desvia muito do original de 23 anos atrás? A resposta é não. A maioria das cenas icônicas foi preservada, como Stitch tocando Suspicious Minds em vinil ou o atraso de Lilo ao tentar alimentar o Fofuxo. No entanto, algumas mudanças foram feitas: personagens foram adicionados à trama e um, em específico, retirado. Mas nada disso interfere de forma impactante na narrativa, pelo contrário. As alterações tornam o filme mais ágil, fluido e contemporâneo. Jumba Jookiba, por exemplo, está mais ameaçador, com um tom mais sombrio que adiciona tensão à história. E, em uma mudança criativa acertada, os alienígenas agora assumem a forma de humanos comuns para se infiltrar na Terra, o que se encaixa muito melhor no realismo visual de um live-action (afinal, ver uma criatura de três metros com quatro olhos e uma peruca enganando humanos funcionava na animação, mas soaria exagerado e até caricato demais em carne e osso).
Nos aspectos técnicos, três elementos merecem destaque especial. O primeiro deles é o CGI. Os efeitos visuais, especialmente os que envolvem nosso proragonista azul, estão surpreendentemente naturais e bem integrados às cenas. O personagem é expressivo, dinâmico e mantém seu charme original sem parecer artificial. Em segundo lugar, a fotografia: o Havaí, mais do que um cenário, é parte viva da narrativa. As filmagens na Costa Norte da ilha trazem beleza e autenticidade à trama, com cenas à beira-mar que são visualmente deslumbrantes. E por fim, a trilha sonora: espetacularmente fiel ao original, ela capta a essência do filme com emoção e energia. É um presente para os que tem uma memória afetiva com o primeiro longa-metragem.

Lilo & Stitch (2025) é uma carta de amor ao original. Um filme cativante, sensível e visualmente deslumbrante, que sabe equilibrar humor, emoção e aventura. A obra homenageia o passado sem perder de vista o presente. É impossível não se envolver e emocionar com essa história, recontada de uma forma tão especial. Comovente, encantador e mágico, o filme aquece a alma. Um presente para os fãs da animação original.
Crítica por Pedro Gomes.

Lilo & Stitch
Estados Unidos, 2025, 108 min.
Direção: Dean Fleischer Camp
Roteiro: Chris Kekaniokalani Bright, Mike Van Waes
Elenco: Maia Kealoha, Sydney Agudong, Chris Sanders
Produção: Jonathan Eirich, Dan Lin, Aldric La’Auli Porter
Direção de Fotografia: Nigel Bluck
Música: Dan Romer
Classificação: 10 anos
Distribuição: The Walt Disney Studios









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