O novo filme da franquia é um presente aos fãs e mantém a essência que só “Premonição” é capaz de ter.
Após 14 anos desde o último filme, muitos espectadores temiam o retorno da franquia. Sem tentar reinventar demais ou romper com a estrutura consagrada pelos primeiros longas, Premonição 6: Laços de Sangue abraça com carinho tudo o que foi construído até aqui. Todos nos lembramos dos acidentes fatais que marcam o início de cada filme: avião, estrada, montanha-russa, autódromo, ponte… e agora, um restaurante a 120 metros de altura. O mais interessante, porém, é que o impacto desses primeiros minutos não está apenas na violência gráfica das mortes, mas sim nas suas preliminares. O desespero, a ansiedade, a certeza de que algo vai acontecer. Essa tensão é construída de forma magistral no começo do filme, dando início a uma sombria corrida contra a morte.
Mesmo com as pontas soltas deixadas pelos cinco filmes anteriores, o público já se sentia razoavelmente satisfeito. Mas aqui, o longa vai além: reúne todas essas lacunas e oferece explicações surpreendentemente satisfatórias que, além de expandirem o conceito da morte e sua obsessão pelas vítimas, complementam o que já havia sido apresentado, sem contradizer ou sobrepor ideias anteriores.

A busca por entender a morte ou a ordem dos próximos alvos ganha um ritmo envolvente, assumindo o estilo de um suspense policial. Todas as tentativas de evitar a morte são válidas, e o único desejo dos personagens é proteger uns aos outros. Esse tom mais investigativo acrescenta bastante à narrativa, porque, mesmo com cenas cômicas e grotescas, o roteiro transmite a sensação de que está caminhando para algum lugar e não apenas se apoiando em mortes aleatórias e gratuitas.
O que faz de Premonição o fenômeno que é continua sendo a criatividade e brutalidade das mortes, sempre imprevisíveis. Aqui, a tensão que antecede cada fatalidade é um espetáculo à parte. O espectador se contorce na cadeira, ansioso, tentando adivinhar qual será o objeto responsável pela próxima tragédia, quase sempre em vão. A imprevisibilidade, marca registrada da franquia, é capturada com êxito, fazendo jus ao legado de James Wong, criador do primeiro longa metragem. As mortes são memoráveis, chocantes e violentas. Tudo se mistura num delicioso e sangrento espetáculo visceral.

Ao longo da franquia Premonição, o personagem de Tony Todd, o enigmático agente funerário William Bludworth, se tornou uma das figuras mais icônicas e sombrias da série. Mesmo com poucos minutos de tela, era certeza que ele marcaria o espectador ao roubar a cena. Bludworth não é exatamente a morte, mas parece conhecê-la intimamente, como uma espécie de mensageiro ou guardião. Seus conhecimentos sobre as regras que regem o destino dos sobreviventes fazem dele um porto seguro, filosófico e sombrio dentro do caos sangrento da franquia. Ele é o lembrete de que a morte não pode ser enganada em hipótese alguma.
No sexto filme da saga, Tony Todd recebe uma merecida e emocionante homenagem póstuma, feita de forma sutil e poderosa dentro da narrativa. Bludworth, que sempre pareceu intocável, o único capaz de enganar seu destino, finalmente perde o jogo contra a morte. Um desfecho simbólico e doloroso para o homem que a entendia como ninguém. A despedida do personagem é tratada com respeito e reverência, em um silêncio honrado. Aqui, Tony se despede não só da franquia, mas também do cinema. “Platoon”, “Candyman”, “The Crow”. Não importa o filme, todos os seus personagens serão eternamente lembrados!

“Premonição 6: Laços de Sangue” é uma celebração da franquia e de tudo que ela representa. É um filme que irá agradar aos fãs e nos entregar de forma nostálgica aquilo que estávamos com saudade de assistir.
Crítica por Pedro Gomes.
Em memória de Tony Todd.
Premonição 6: Laços de Sangue | Final Destination Bloodlines
Estados Unidos, 2025, 110 min.
Direção: Zach Lipovsky, Adam B. Stein
Roteiro: Guy Busick, Lori Evans Taylor
Elenco: Kaitlyn Santa Juana, Teo Briones, Rya Kihlstedt
Produção: Sheila Hanahan Taylor, Jon Watts, Dianne McGunigle
Direção de Fotografia: Christian Sebaldt
Música: Tim Wynn
Classificação: 18 anos
Distribuição: Warner Bros. Pictures










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