Festival conta ainda com show no Amarathi Hub Cultural
CORPOS DA TERRA, festival de arte e cultura indígena, chega a sua 4ª edição, com o tema “Cidades indígenas, indígenas na cidade” no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro. Com programação de quinta a domingo, o evento pretende ocupar o CCBB a partir do dia 15 de maio, por dois finais de semana consecutivos, e contará com a exibição de filmes, rodas de conversas, oficinas infantis e sessões inclusivas. Com curadoria de Renata Tupinambá, o recorte de filmes desta edição segue privilegiando a rica, porém pouco conhecida, produção cinematográfica indígena no Brasil. Além dos eventos no CCBB RJ, haverá um show de rap no dia 24 de maio no Amarathi Hub Cultural (Rua da Quitanda, 109 – Centro), com retirada de ingressos gratuitos no Sympla: http://bit.ly/3RQllfR. Essa edição do festival foi selecionada pelo Fomenta Festival da Aldir Blanc 2, e é realizado pelo CCBB e pela Lúdica Produções.
“Essa edição traz como proposta a compreensão de que as identidades originárias não estão limitadas a um único espaço, nem pertencem apenas a um tempo passado. As cidades, muitas vezes, se erguem sobre antigas aldeias e territórios indígenas, transformados em grandes centros urbanos, mas ainda habitadas por pessoas indígenas que seguem presentes, resistindo e recriando seus modos de vida em múltiplos contextos.
Essas presenças urbanas indígenas não são exceções, mas expressões vivas de continuidade, adaptação e potência cultural. Suas trajetórias revelam uma riqueza de produções interculturais que conectam o passado ancestral às linguagens e desafios contemporâneos, reafirmando que os territórios indígenas também estão nas cidades, não como resquícios, mas como presença ativa e transformadora”, declara a curadora Renata Tupinambá.
Neste ano, o evento conta com a presença de nomes como Ywyzar Tentehar, Orlando Calheiros, Daiara Tukano, João Ticuna, Leandro Kuaray Mimbi, Martinha Guajajara, Luciana Guarani, José Ribamar Bessa Freire, Abi Poty, Tsara Kokama, Erick Macedo, entre outros e outras que compõem um mosaico de vozes e saberes diversos. Os debates reúnem indígenas de aldeias do estado do Rio de Janeiro e de contextos urbanos, promovendo diálogos interculturais, e as mesas abordam temas como a educação indígena no Rio, os crimes cometidos durante a ditadura contra povos indígenas, os direitos das mulheres indígenas, territórios, fronteiras coloniais, arte, bem viver e formas de resistência. As produções realizadas por indígenas e não-indígenas têm como eixo central as histórias e culturas dos povos originários de diversas regiões do país. Entre os destaques estão Mundurukuyü – A Floresta das Mulheres Peixe, dirigido por mulheres Munduruku, e Kwa se jobají yané!: Essa terra é nossa!, de Beatriz Pankararu, Pedro Pankararu e Simone Pankararu, entre muitas outras obras potentes. Apresentações musicais acontecem no Espaço Amarathi Hub Cultural e incluem o rapper wescritor, do povo Tupinambá de Olivença, além dos artistas DJ Cris Panttoja e Jef Rodriguez — MC, DJ e integrante da banda OQuadro.

Entre as suas principais atividades estão:
– Exibição de longas e curtas metragens, sendo a maior parte realizados por diretores indígenas.
– Uma fala de abertura com a presença da artista, curadora, pesquisadora e ativista Daiara Tukano, e da curadora Renata Tupinambá
– Debates e rodas de conversa sobre questões fundamentais como educação indígena; a ditadura e as violentas marcas geradas na memória indígena; uma discussão acerca da demarcação de terras; além de uma tradicional roda de mulheres que contam sobre suas histórias de vida.
– Um show no dia 24 de maio (sábado), a partir das 20h dos rappers wescritor, Jef Rodriguez e da DJ Cris Panttoja no Espaço Amarathi Hub Cultural(Rua da Quitanda, 109, a 3 minutos à pé do CCBB), com retirada de ingressos gratuitos pelo Sympla.
– Programas especiais para o público infantil como uma sessão de cinema para as crianças, e uma contação de histórias apresentada por Lúcia Tucuju.
– Uma sessão de acessibilidade com audiodescrição e legendagem descritivas. Além de todos os debates e rodas de conversa contarem com intérpretes de LIBRAS.
– Além da identidade gráfica do evento produzida pela multiartista indígena Pataxó, Akuã.
Todos os eventos serão realizados no CCBB na sala de cinema e foyer (térreo), com retirada de ingressos gratuitos na bilheteria física do CCBB ou site (bb.com.br/cultura), a partir das 9h do dia de cada exibição / atividade, à exceção do show do dia 24/05.
HISTÓRICO DO FESTIVAL
Em sua 1ª edição, o festival Corpos da Terra ocorreu na CAIXA Cultural em 2017, com a presença de importantes nomes como a curadora Sandra Benitez e o renomado antropólogo Eduardo Viveiros de Castro. No ano seguinte, foi realizada uma versão reduzida no Espaço FRONT, no Centro da cidade. Em 2021, através do Fomenta Festival (Aldir Blanc), o festival chegou a sua 3ª edição. Devido a pandemia, o evento ocorreu de forma remota com os debates e apresentações musicais ocorrendo no SESC Copacabana, e com o apoio do MAM-Rio para a veiculação digital dos filmes exibidos. Para a 4ª edição, o evento ocupa o CCBB Rio de Janeiro por duas semanas (de quintas a domingos), com conversas e obras que pretendem amplificar as trocas de saberes sobre os povos indígenas.
SOBRE O CCBB RJ
Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro marca o início do investimento do Banco do Brasil em cultura. Instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, é um marco da revitalização do centro histórico da cidade do Rio de Janeiro. São 35 anos ampliando a conexão dos brasileiros com a cultura com uma programação relevante, diversa e regular nas áreas de artes visuais, artes cênicas, cinema, música e ideias. Quando a cultura gera conexão ela inspira, sensibiliza, gera repertório, promove o pensamento crítico e tem o poder de impactar vidas. A cultura transforma o Brasil e os brasileiros e o CCBB promove o acesso às produções culturais nacionais e internacionais de maneira simples, inclusiva, com identificação e representatividade que celebram a pluralidade das manifestações culturais e a inovação que a sociedade manifesta. Acessível, contemporâneo, acolhedor, surpreendente: pra tudo que você imaginar.
PROGRAMAÇÃO
15/05 (5ª feira)
16h30 – Amazônia, a nova Minamata? (Jorge Bodanzky, 2022, 70’) – 10 anos
18h30 – Palestra de abertura no Cinema 1 (CCBB) com a artista e ativista Daiara Tukano e a curadora Renata Tupinambá, seguido de coquetel especial para o público presente
16/05 (6ª feira)
16h30 – Mundurukuyü – A Floresta das Mulheres Peixe (Aldira Akay, Beka Munduruku, Rylcélia Akay, 2024, 72’) – Livre
18h – Roda de mulheres no Foyer (CCBB) com Luciana para poty Benite Nunes de Oliveira, Niara do sol Fulniô e Tsara Kokama
Momento para mulheres compartilharem vivências, saberes e lutas a partir de uma perspectiva ancestral e contemporânea. O debate propõe refletir sobre o protagonismo das mulheres indígenas na defesa de seus territórios, culturas, línguas e modos de vida, em um espaço de escuta.
17/05 (sábado)
16h – A Flecha e a Farda (Miguel Antunes Ramos, 2020, 89’) – 12 anos
18h – Confrontos ocultos da ditadura na Memória indígena no Cinema 1 (CCBB) com José Ribamar Bessa Freire e Orlando Calheiros
Durante a ditadura militar, populações indígenas foram atacadas, expulsas de suas terras e até enviadas para “espaços de concentração” de trabalho escravo. Conhecer suas histórias é fundamental para refletir o cenário atual da luta pelos direitos indígenas e como se encontram com a memória de todos que foram violados nesse período. Um debate sobre verdades escondidas e vozes que resistem até hoje.
18/05 (domingo)
14h – Sessão de curtas: Infantis (duração: 46’)
.Ga vī: a voz do barro (Coletivo Nẽn Ga e Tela Indígena, 2022, 11’) – Livre
.Mãtãnãg, a Encantada (Shawara Maxakali e Charles Bicalho, 2019, 14’) – Livre
.Mitos Indígenas em Travessia (Julia Vellutini e Wesley Rodrigues, 2019, 21’) – Livre
15h – Saberes e Educação Indígena no Rio de Janeiro no Cinema 1 (CCBB) com Martinha Guajajara e Leandro Kuaray Mimbi
Educadores indígenas atuantes no Rio de Janeiro dialogam sobre os desafios, conquistas e perspectivas da educação escolar indígena. A partir de suas experiências nas aldeias e compartilham práticas pedagógicas que valorizam os saberes tradicionais, as línguas indígenas, o fortalecimento da identidade e a luta por uma educação diferenciada, intercultural e de qualidade.
17h30 – Línguas da Floresta (Juliana de Carvalho e Vicente Ferraz, 2024, 72’) – Livre
22/05 (5ª feira)
16h – Sessão com legendagem descritiva e audiodescrição: Mundurukuyü – A Floresta das Mulheres Peixe (Aldira Akay, Beka Munduruku, Rylcélia Akay, 2024, 72’) – Livre
18h – Ingrõny, Pisada Forte (Coletivo Beture, 2019, 76’) – Livre
23/05 (6ª feira)
16h30 – Sessão de curtas: A luta continua (duração: 84’)
.Sukande Kasáká | Terra Doente (Kamikia Kisedje e Fred Rahal, 2025, 30’) – Livre
.Luta Pela Terra (Camilla Shinoda e Tiago de Aragão, 2022, 29’) – Livre
.Vãnh Gõ Tõ Laklãnõ (Barbara Pettres, Flávia Person e Walderes Coctá Priprá, 2022, 25’) – 12 anos
18h – Territórios, fronteiras coloniais e bem viver no Cinema 1 (CCBB) com Eric Macedo e João Tikuna
Uma conversa sobre justiça, resistência e futuro coletivo, para refletirmos sobre as fronteiras imaginadas e estabelecidas desde a colonização, violência fundiária, marco
temporal, demarcação e os caminhos do Bem Viver.
24/05 (sábado)
15h – Sessão de curtas: Cidades (duração: 50’)
.Kayapó contra o garimpo (Coletivo Beture, 2022, 3’) – Livre
.Bira (Kokokaroti Txucarramãe, Irekeiti Kayapó, Irepryngranhiti Kayapo e Bekwynhpoi Kayapó, 2023, 6’) – Livre
.Kwa se jobají yané!: Essa terra é nossa! (Beatriz Pankararu, Pedro Pankararé e Simone Pankararu, 2024, 19’) – Livre
.Ngô beje – Barragem (Pat-i Kayapó, 2023, 13’) – Livre
.Tuire Kayapó – O gesto do facão (Coletivo Beture, Patkore Kayapó e Simone Giovine, 2023, 9’) – Livre
16h – Sessão de curtas: Ensaios (duração: 85’)
.Despertar (Denilson Baniwa e Felipe M. Bragança, 2023, 10’)
.Aqui Onde Tudo Acaba (Cláudia Cárdenas e Juce Filho, 2023, 19’)
.Materialismo Histórico da Flecha Contra o Relógio (Carlos Adriano, 2023, 26’)
.Bakish Rao: plantas en lucha (Denilson Baniwa e Comando Matico, 2024, 30’)
18h – Arte e Ancestralidade: Vozes que Criam, Resistem e Pertencem no Foyer (CCBB) com Abi Poty, Jef Rodriguez, wescritor e Ywyzar Tentehar
Um encontro entre artistas em contexto urbano que utilizam a arte como ferramenta de expressão, resistência, fortalecimento de identidades e representatividade. Os participantes compartilharão suas trajetórias, linguagens e produções que afirmam seus territórios culturais e rompem com estereótipos históricos. Através da música, do teatro, da performance, das artes visuais e de outras formas de criação. Um convite para refletir sobre a potência da arte como espaço de pertencimento, memória e visibilidade.
20h – Apresentações musicais no Espaço Amarathi Hub Cultural: DJ Cris Panttoja, Jef Rodriguez e wescritor
25/05 (domingo)
14h30 – Sessão de curtas: Tradições (duração: 66’)
Bintiri Kumokrai (Irepoti Kayapó, Kokokaroti Txucarramãe, Kokopanhti Kayapó e Nhakumti Kayapó, 2024, 3’) – Livre
.A Chegada dos Mêbengôkre na Terra (Kokokaroti Txucarramãe, Matsipaya Waura Txucarramãe e Simone Giovine, 2024, 9’) – Livre
.Brincando com as crianças – OXE THEPE IRIAMU (Edmar Tokorino Yanomami, Lindomar Xiri Yanomami, Otílio Kokorino Yanomai, Severo Kawari Yanimami e Valdemiri Yarino Yanomami, 2024, 18’) – Livre
.Mãri Hi – A Árvore do Sonho (Morzaniel Iramari, 2023, 17’) – Livre
.Áhkuin (Radio-JusSunná, Sunná Nousuniemi, Guhtur Niillas Rita Duomis e Tuomas Kumpulainen, 2024, 19’) – Livre [Finlândia – Povo Sámi]
16h – Contação de histórias para crianças no Foyer (CCBB) com Lucia Tucuju
18h – Queda do Céu (Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha, 2024, 110’) – Livre








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