Um filme de gêneros mistos que aposta na mistura de Sci-Fi e comédia romântica mas que perde a essência do suspense.
A maioria das pessoas deve se lembrar do momento em que conheceu a “pessoa certa”. A roupa que estava vestindo, as primeiras palavras, o cheiro do perfume da pessoa ou alguma situação engraçada que marcou aquele momento como algo único e (assim se
espera) não repetível. É da natureza humana criar memórias de momentos especiais e fazer com que as pessoas ligadas a estes momentos desempenhem um papel importante em nossas vidas. Mas e se a realidade não for exatamente como a gente se lembra dela?
“Acompanhante Perfeita”, novo filme de Drew Hancock (“Noites Brutais”) é descrito como “um novo tipo de história de amor” e mistura romance, ficção científica, perseguições e suspense. E nele, a pergunta acima tem uma grande importância.

Acompanhamos o casal Iris (Sophie Tatcher) e Josh (Jack Quaid) em um fim de semana com amigos na casa de um rico e estranho anfitrião. O passeio que tinha tudo para ser agradável e romântico se torna um pesadelo quando este mesmo anfitrião é assassinado… por ninguém menos que Iris, doce, meiga e aparentemente perfeita. Mas essa perfeição é, de fato, real, ou fruto de uma ideia pré-programada?
Primeiramente, a quem não assistiu ao trailer do filme e não fez pesquisas mais detalhadas sobre o enredo, vale a pena ir ao cinema sem isso, para que a trama desempenhe melhor as suas surpresas.

O filme conta com um elenco de peso. Tatcher, que interpreta Iris, foi recentemente protagonista de “Herege”, um dos filmes de terror e suspense mais aclamados de 2024. Já Quaid é conhecido pela série “The Boys” e vem estrelando outras grandes produções recentes como “Novocaine”, ainda para ser lançado nos cinemas. Se há um ponto que marca positivamente o filme, são as atuações. Os atores cativam o público com suas versões dos personagens, trazendo suas imperfeições e anseios como motivos para agrado e repúdio na mesma medida. Sustentam um roteiro que, até certo ponto, não inova tanto.
No quesito artístico, o filme trás uma dicotomia entre uma atmofera propositalmente “clean” e um enredo cheio de ação. Observar os acontecimentos paulatinamente complexos em meio a figurinos e ambientes de tons claros, sem grandes estímulos visuais faz com que as situações se tornem mais densas e esteticamente mais acertadas. Temos uma clássica história em que os personagens se tornam caças e caçadores de si mesmos, e que vence aquele com a melhor estratégia de sobrevivência.

Há uma tentativa de se discutir o poder da tecnologia e a maneira como a utilizamos a nosso favor, algo bastante interessante em uma narrativa com mescla de gêneros. A forma como esse assunto é abordado no filme é o que o sustenta, ainda que de forma frágil, no sentido de que poderia ser mais bem trabalhada, para criar contextos menos previsíveis.
Por ser um filme que se inicia já com uma pista do seu final (isso literalmente acontece na cena 1), não cabe destrinchar muito os acontecimentos, para não tirar a curiosidade natural do espectador. Não se trata de um filme em que se pretende descobrir como termina, mas em apreciar o “como” se chega ao final já prometido. Partindo dessa perspectiva, o filme funciona como uma interessante comédia romântica moderna, e vale o entretenimento.
Crítica por Bianca Rolff.

Acompanhante Perfeita| Companion
Estados Unidos, 2025, 97 min.
Direção: Drew Hancock
Roteiro: Drew Hancock
Elenco: Sophie Thatcher, Jack Quaid, Lukas Gage
Produção: Raphael Margules, J.D. Lifshitz, Roy Lee
Direção de Fotografia: Eli Born
Música: Hrishikesh Hirway
Classificação: 16 Anos
Distribuição: Warner Bros. Pictures










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